A Experiência como ordenação da realidade: uma estratégia orgânica para a educação científica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Severo, Thiago Emmanuel Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/19918
Resumo: Entender supõe uma experiência do sujeito cognoscente. É preciso estar em contato, experimentar. Mas não só. Atribuir significado à realidade requer processamento, classificação, ordenação. Essa reflexão sobre a experiência processada, ordenada, é o que configura o conhecimento. De acordo com o filósofo Gaston Bachelard (2010) nosso contato imediato com o real só vale como um dado confuso e provisório. Esse contato fenomenológico exige inventário, classificação, conexão, ordenação da experiência, imputação de sentido e representação. Por essa razão a nossa primeira leitura sobre algum fenômeno é limitada a níveis basilares da realidade. Elementos como dinâmica, funcionamento ou características detalhadas do que é observado só podem ser acessados em momentos posteriores e por meio de níveis mais elevados da realidade, como explica o físico Werner Heisenberg (2009). As ideias tecidas por esses dois grandes intelectuais oxigenam, na minha concepção, a noção de que conhecer não significa apenas observar e descrever a natureza, mas atribuir valor e significado ao conhecimento. Fundamentado nessas ideias e no horizonte cognitivo das ciências da complexidade, objetivo neste trabalho experimentar uma reflexão sobre o nosso entendimento de mundo construído e regulado a partir da ordenação da nossa própria experiência. Procuro descrever como esse processo é capaz de oxigenar um pensar bem, na acepção gestada por Edgar Morin (2004) e ampliada por Conceição Almeida (2007). Tomo como hipótese de trabalho a experiência enquanto estratégia orgânica de pesquisa, particularizando o termo definido por Bachelard (2010). Essa estratégia permite aventurar-se pela penumbra do desconhecido para acessar camadas superiores da realidade. Nessa concepção, a experiência funciona como um lodo nutritivo que regula, repara e acresce em qualidade o entendimento. Utilizo como fio condutor a minha caminhada profissional como professor da disciplina de Ensino de Ciências Naturais I e II no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte nos semestres de 2013.1 a 2014.2. Nesse espaço pude vivenciar como as experiências ajudam a romper com um entendimento simplificado do mundo. Escolhi trabalhar com os problemas de pesquisa desenvolvidos por 398 alunos, dos quais foram utilizados 222. As investigações foram essenciais para o questionamento dos fenômenos que antes pareciam óbvios ou desinteressantes, trazendo à tona razões de funcionamento e dinâmicas entre as estruturas observadas. Em síntese, a experiência é fundadora de um pensamento dinâmico e vivo, visto que necessita da crítica para desconstruir as impressões primeiras sobre os fenômenos, atribuindo valor e significado aos conhecimentos gestados.