Impactos de eventos climáticos extremos na qualidade da água de corpos hídricos superficiais continentais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Moreira, Caio Vitor Matos
Orientador(a): Becker, Vanessa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/50835
Resumo: Eventos climáticos extremos (ECEs) relacionados à precipitação, tais como secas e chuvas intensas, possuem grande potencial de alterar a qualidade hídrica de corpos hídricos continentais, devido as mudanças climáticas esses eventos têm se tornado mais frequentes, tornando esses fenômenos importantes ameaças a esses ambientes que cumprem diversos papéis em nossa sociedade. Nesse sentido, entender como esses eventos impactam os corpos d’água continentais em escala temporal e espacial é uma importante ferramenta para gestão e mitigação desses futuros impactos. Por isso, o objetivo deste estudo é encontrar padrões temporais e espaciais desses efeitos e compreender como as particularidades em escala local podem amplificar os impactos dos eventos climáticos extremos. Para isso desenvolvemos em nosso primeiro capítulo uma revisão sistemática utilizando a cienciometria, que é o ramo da ciência que se propõe a estudar os aspectos da produção científica, visando entender tendênciase lacunas de uma área da ciência. Na análise cienciométrica retiramos as seguintes informaçõesde cada artigo: tipo de evento do estudo, zona climática da área de estudo, abordagem, ecossistema estudado, tipo de parâmetro estudado, comunidades biológicas (quando há estudobiológico), impacto no principal parâmetro e impacto na qualidade da água. 281 publicações foram utilizadas para análise de produção temporal de estudos e para as análises restante retiramos os artigos de revisão, resultando em 254 artigos. Observamos o aumento de publicações sobre a temática a partir do ano de 2014, encontramos que a zona climática temperada é a que mais produz esses artigos, os rios são os ecossistemas mais estudados e a grande maioria desses estudos reportam impactos negativos na qualidade da água desses ambientes. Além disso, esses eventos causam relevantes mudanças ecológicas devido as alterações físico-químicas sobrepostas a esses corpos hídricos. Entendemos que esse aumento do número de estudostenha sido causado por publicações de relatórios de órgãos internacionaissobre mudanças climáticas e ECEs, o padrão regional de publicações está mais relacionado a produção científica nessas localidades do que maior ocorrência de ECEs nas regiões. ECEs sãocapazes de introduzir e aumentar concentrações de sólidos, nutrientes e diversos poluentes. Estes eventos também intensificam o processo de eutrofização, a magnitude e duração desses impactos são controlados por características da bacia hidrográfica e condições antecedentes desses corpos hídricos. Em nosso segundo capítulo utilizamos dados limnológicos de monitoramento de 10 anos (2011- 2021) para analisar o impacto da flutuação de nível de água durante uma seca prolongada sob um reservatório do semiárido brasileiro, em que no início doseco apresentava alto volume de água e teve sua profundidade diminuindo progressivamente até secar completamente, com a posterior reinundação ao fim do período de monitoramento. O objetivo desse capítulo foi verificar se o período de seca intensificou a eutrofização desse reservatório. Utilizamos análise de agrupamento para a separação em clusters dos meses de monitoramento e as análises de Kruskall-Wallis e Análise de Componentes Principais (ACP) para analisar as diferenças entre os períodos e das variáveis ambientais. Nossa análise de agrupamento dividiu em três períodos caracterizados por suas profundidades máximas (Zmax) como: intermediário (I), período seco (II) e período de cheia (III). As variáveis: sólidos suspensos (fixos e voláteis), turbidez, condutividade elétrica, ortofosfato, fósforo total e clorofila-a apresentaram menores valores durante o período de cheia (III), enquanto a transparência Secchi e as concentrações de oxigênio dissolvido observadas nos períodos de menores profundidades (I e II) foram inferiores quando comparadas ao período III. Assim pudemos constatar a degradação sofrida pelo reservatório durante a seca prolongada e que durante os períodos de menores níveis de água tivemos degradação da qualidade hídrica e agravamento de eutrofização. Concluímos com esse estudo que os ECEs de precipitação impactam negativamente os corpos hídricos continentais e esses impactos alteram a dinâmica física, química e biológica desses ecossistemas. Além disso, condições ambientais da bacia de drenagem em que esses corpos aquáticos estão inseridos são fatores importantes para controle desses impactos. Estudos como esse fornecem subsídios para tomadas de decisão de gestão e recuperação dos corpos hídricos e se tornam ainda mais relevantes quando avaliamos as previsões de maior ocorrência de ECEs devido as mudanças climáticas.