O Sertão é Neon: transversalidades e pluralidades de identidades de gênero no filme Boi Neon de Gabriel Mascaro (2015)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Azevedo, Gleice Linhares de
Orientador(a): Albuquerque Júnior, Durval Muniz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DOS SERTÕES
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/50805
Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender os discursos instituídos pelas imagens cinematográficas contemporâneas sobre o sertão e as relações de gênero aí prevalecentes, sobretudo, na construção das masculinidades sertanejas configuradas em um cenário de rupturas e continuidades, em relação aos códigos morais que modelam o ser(tão). Para tal empreitada, partimos do recorte temporal delimitado entre os anos 2000 a 2015, tendo como marco algumas produções fílmicas com a temática do sertão, como Cinemas, aspirinas e urubus (2005), Luneta do Tempo (2014) e o gênero novela com a produção de Cordel Encantado (2011). Além de tais fontes, trabalhamos com a fonte basilar dessa escrita, o filme Boi Neon (2015), do diretor e roteirista pernambucano, Gabriel Mascaro. O referencial teórico e metodológico estrutura-se na análise de discurso de Michel Foucault visando entender as várias camadas de sentidos que constituem as imagens, sobretudo, cinematográficas para o estudo que nos propomos a realizar. Essa análise também partiu do uso de método arqueológico das imagens, ou seja, uma escavação das camadas visuais que constituem nosso modo de ver o sertão, a partir dos pressupostos apresentados pelo historiador da arte Georges Didi-Huberman. A discursão teórica também está fundamentada na Teoria Queer para compreender as novas relações de gênero que se movem na narrativa fílmica de Boi Neon, a partir das concepções de Judith Butler (2021) e das reflexões de Richard Miskolci (2021) e Guacira Lopes (2018) quando pensam o gênero como construção normativa na cultura e a possibilidade de viver outra diversidade, outras maneiras de exercer a masculinidade de maneira plural, para além das normas. Nessa direção, a partir do conceito de imagem sobrevivente ou imagem sintoma de Didi-Huberman, concluímos que as imagens do sertão anteriores à produção de Boi Neon são imagens sobreviventes de outras produções visuais anteriores (como os filmes do Cinema Novo e da Retomada) e que as imagens capturadas por Boi Neon são imagens-ação, que, por sua vez, são imagens críticas, transgressoras de uma dada visualidade do sertão e do tempo dessas imagens. Nessa linha, as imagens em volta do corpo masculino e feminino, nessa espacialidade são, de certa forma, desconstruídas e diferentes das elaborações já realizadas em volta do sertanejo(a), assim como é o sertão/agreste na perspectiva do filme. Portanto, o sertão contemporâneo de Boi Neon é um sertão em movimento, de passagens de temporalidades, o arcaico e o novo, do pretérito e presente, de corpos em “dilatação” e, enfim, um sertão em trânsito.