Ecologia comportamental de Hemidactylus agrius Vanzolini, 1978 e H. brasilianus (Amaral, 1935) (Squamata: Gekkonidae) em diferentes fitofisionomias de caatinga no nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Andrade, Maria Jaqueline Monte de
Orientador(a): Freire, Eliza Maria Xavier
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26942
Resumo: Os Lagartos têm sido amplamente utilizados em estudos de ecologia comportamental em todo o mundo. No que concerne ao comportamento de forrageio das espécies da família Gekkonidae, por exemplo, embora sejam reconhecidas como sendo forrageadoras do tipo senta-e-espera, estudos prévios têm demonstrado que alguns gêneros apresentam modulações neste comportamento. No caso das duas espécies nativas de Hemidactylus ocorrentes no nordeste do Brasil (Hemidactylus agrius e H. brasilianus), dados sobre a ecologia trófica de ambas registram a presença de itens alimentares de baixa mobilidade, pouco comuns em dieta de espécies forrageadoras do tipo senta-e-espera. Aliado a isso, informações referentes aos perfis de atividade, ecologia térmica e comportamento de termorregulação destas espécies ainda permanecem pouco esclarecidas. Outra questão relevante diz respeito à distribuição destas espécies ao longo do Domínio da Caatinga, visto que, embora ocorram em simpatria em algumas áreas restritas, na Depressão Sertaneja há ocorrência de apenas uma, fato que pode estar relacionado com especificidades no uso e partilha de recursos. Neste sentido, esta tese tem como objetivos analisar os comportamentos de forrageamento e de termorregulação de H. agrius e H. brasilianus, bem como o uso de recursos pelas duas espécies em diferentes fisionomias da Caatinga. Para isso, foram efetuadas excursões ao longo das estações seca e chuvosa, com duração de 18 dias consecutivos, em duas áreas de Caatinga com fitofisionomias distintas, localizadas nos municípios de Lagoa Nova (Caatinga serrana) e Serra Negra do Norte (Caatinga stricto sensu, ESEC Seridó), Rio Grande do Norte, Brasil. Nestas áreas, foram realizadas buscas ativas noturnas ao longo de transectos preexistentes (600m ou 200m), quando se registraram as duas espécies em simpatria na Caatinga serrana e apenas H. agrius na stricto sensu. Para cada animal registrado, foram anotados horário, hábitat e microhabitat, além dos comportamentos sobre termorregulação e forrageio, por meio do método animal focal contínuo, com duração de 10 min. Para Os espécimes capturados aferiu-se as temperaturas do corpo (Tc), do substrato (Ts) e do ar (Ta). Os resultados demonstram que ambas as espécies são forrageadoras do tipo senta-e-espera, permanecendo em postura estacionária durante maior parte do período de observação, com baixos índices de atividade (PTM ≤ 1,6%; MPM ≤ 0,3; e NAP ≤ 0,3). Na dieta, identificaram-se 20 categorias de presas, das quais Orthoptera, Blattodea e larvas de Lepidoptera foram as principais em ambas as espécies malocofagia tanto para H. agrius como para H. brasilianus. Diferenças sazonais na dieta foram constatadas apenas na população de H. agrius da ESEC Seridó; não houve diferenças sexuais nem interpopulacionais quanto ao número e volume das presas consumidas nas populações. Hemidactylus agrius apresentou maior largura de nicho trófico e foram constatados altos índices de sobreposição na dieta entre as duas espécies, na Caatinga serrana. Ambas as espécies são noturnas com atividade registrada das 18h às 5h. Quanto ao uso de hábitats, H. brasilianus utilizou principalmente áreas de vegetação arbóreo-arbustiva, enquanto H. agrius, áreas com afloramentos rochosos. As temperaturas médias do corpo (Tc) de H. brasilianus e H. agrius em atividade na área serrana foram 22,8°C e 23,2°C, respectivamente, enquanto que a Tc de H. agrius na Caatinga stricto sensu foi consideravelmente mais alta (Tc = 26,2°C); correlações positivas significativas foram constatadas entre as temperaturas corporais das espécies e as duas temperaturas ambientais registradas (ar e substrato). Quanto ao grau de termorregulação comportamental, os valores obtidos para as duas espécies moderados (Δ < 1).