Susceptibilidade aos antibióticos e aos biocidas clorexidina e cloreto de benzalcônio em isolados clínicos de Acinetobacter baumannii

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Évora, Bruna Helena Silva Rendall
Orientador(a): Melo, Maria Celeste Nunes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26853
Resumo: A espécie bacteriana Acinetobacter baumannii se destaca não somente como um dos principais patógenos envolvidos em infecções relacionadas a saúde (IRAS) em pacientes hospitalizados, particularmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), mas também pela grande capacidade de aquisição de mecanismos de resistência aos antimicrobianos. Recentemente, a redução da susceptibilidade aos biocidas como antissépticos e desinfetantes vem sendo relatado em muitas espécies, incluindo em A. baumannii. Assim, objetivo dessa pesquisa foi determinar o perfil de susceptibilidade aos antibióticos e aos biocidas clorexidina e cloreto de benzalcônio de cepas de A. baumannii provenientes de amostras clínicas de hospitais gerais da cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. As amostras foram coletadas entre Março de 2013 a Março de 2014. Foram identificadas através de provas bioquímicas convencionais e confirmadas pela pesquisa do gene blaOXA-51 e pelo sistema MALDI-TOF e, estocadas em freezer a -20°C no Laboratório de Bacteriologia Médica da UFRN. Essa pesquisa foi realizada com 135 cepas de A. baumannii, as quais foram avaliadas quanto à susceptibilidade aos antibióticos comumente utilizados na prática clínica, pelo método de disco difusão (Kirby-Bauer) e quanto a resistência aos carbapenêmicos pelo teste do sinergismo disco duplo contendo EDTA (ácido etilenodiaminotetracético). A susceptibilidade aos biocidas foi avaliada pela determinação da concentração inibitória mínima, utilizando o método de microdiluição em caldo, segundo recomendações do CLSI. Além disso, foi aplicada a técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) para a detecção de genes que codificam as carbapenemases IMP-1, VIM-1, NDM-1, OXA-23, -24, -58, -143 e as bombas de efluxo QacE, AdeB e AdeJ. Foi observado um perfil de multirresistência (MDR) aos antibióticos em 70,37% (95/135) dos isolados e 44,21% (42/95) destes, foram extensivamente resistentes (XDR) ao apresentarem resistência a todos os antibióticos, com exceção à tigeciclina, cuja resistência foi observada em apenas um isolado. A resistência aos carbapenêmicos foi observada em 71,85% (97/135). Setenta e sete isolados foram positivos para a produção de metalobetalactamases (MBLs) no qual apenas as enzimas NDM-1 e IMP-1 foram detectadas em 15,85% e 2,06% desses isolados, respectivamente. Os genes blaOXA-23 e blaOXA-143 foram os mais prevalentes, representando 90% e 28% dos isolados, respectivamente. Quanto a avaliação da susceptibilidade aos biocidas, 19,25% (26/135) dos isolados apresentaram susceptibilidade reduzida a clorexidina e 40% (54/135) ao cloreto de benzalcônio. A presença dos genes para as bombas de efluxo AdeB e AdeJ foram positivas na maioria dos isolados correspondendo a 115 (85,19%) e 129 (95,85%), respectivamente, mas estatisticamente não mostraram associação significativa com a tolerância aos biocidas testados (p<0,05). Enquanto que a presença do gene qacEmostrou relação significativa (p=0,0006) com a susceptibilidade reduzido a clorexidina, estando presente em 46,15% (12/26) dos isolados tolerantes a esse composto. Outra associação significativa foi observada entre a susceptibilidade reduzida ao cloreto de benzalcônio com o perfil de multirresistência dos isolados. As cepas de A. baumannii com um perfil de alta resistência compromete enormemente o tratamento de infecções por esse micro-organismo, assim como limita de forma importante os agentes utilizados no processo de higienização e desinfeção hospitalar. Deve haver, portanto, uma vigilância permanente quanto a transmissão cruzada em ambientes hospitalares e buscar o uso de biocidas mais eficazes.