Desigualdades na mortalidade e a composição do índice de iniquidade em saúde em uma capital brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mata, Matheus de Sousa
Orientador(a): Costa, Iris do Céu Clara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28112
Resumo: As diferenças nos resultados de saúde entre distintos grupos populacionais são reveladas por diversos estudos acadêmicos e relatórios governamentais, e não se apresentam como novidade. Ainda assim, o tema das desigualdades sociais é objeto de estudo recorrente nas diversas áreas de conhecimento, talvez pela ampliação dessas desigualdades ao longo dos anos. O Brasil, apesar da redução nas desigualdades nas últimas décadas, ainda sustenta uma das maiores desigualdades sociais do mundo. A criação de um índice que agregue indicadores socioeconômicos e de saúde pode contribuir para ações que reduzam ou eliminem as iniquidades dentro do país. Diante disso, este estudo propõe a criação do Índice de Iniquidade em Saúde (IIS) composto por indicadores de saúde – a Média de anos vividos e a Média de anos potenciais de vida perdidos (APVP) – e indicadores socioeconômicos de renda, escolaridade e população em condições de pobreza para a cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte. As variáveis de mortalidade foram calculadas a partir dos registros de óbitos do banco de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, e as variáveis socioeconômicas obtidas do Censo Demográfico-2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além das análises descritivas da mortalidade e das condições socioeconômicas entre os bairros, foi realizado um linkage probabilístico entre os bancos de dados para captar os setores censitários das residências com registro de óbitos entre 2007-2013. Com a homogeneidade interna dos setores censitários pode-se discriminar ainda melhor a desigualdade entre as áreas da cidade. Para o cálculo do índice, foi utilizada a análise fatorial por componentes principais. O índice foi validado através de uma análise fatorial na amostra de setores e pela análise de cluster, ao passo que a correlação de Spearman foi utilizada para a análise de consistência. Os dados do índice foram espacialmente representados através do software QGIS. Os resultados mostram que a diferença na média dos anos vividos entre os bairros de Natal-RN chega a 25 anos, sendo que o pior bairro apresenta condições de mortalidade comparáveis a países pobres da África, ao passo que o bairro com maior média de anos vividos se assemelha à média brasileira. A mortalidade esteve fortemente correlacionada com as variáveis socioeconômicas, destacando-se a relação entre média de APVP por doenças crônicas não transmissíveis e a proporção de domicílios com baixa renda (ρ=0,913). O Índice de Iniquidade em Saúde apresentou consistência com os demais modelos (ρ>0,800) e pode revelar áreas com piores condições socioeconômicas e de saúde localizadas perifericamente na cidade, notadamente nas zonas oeste e norte da cidade. Esses dados auxiliam os formuladores de políticas públicas na priorização de ações que visem à redução ou eliminação das iniquidades em saúde.