Desenvolvimento de um modelo animal de depressão para estudo de fármacos antidepressivos de ação rápida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Torres, Carina Ioná de Oliveira
Orientador(a): Gavioli, Elaine Cristina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54487
Resumo: O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é caracterizado como um dos distúrbios mentais mais prevalentes e incapacitantes no mundo. O tratamento farmacológico da depressão possui limitações importantes, como a baixa eficácia, presença de diversos efeitos colaterais e o atraso para início dos efeitos terapêuticos, o que contribui para baixa adesão à farmacoterapia. Dessa forma, a identificação de fármacos antidepressivos de ação rápida pode contribuir para melhorar as condições de pacientes depressivos. Nesse contexto, os modelos animais são ferramentas úteis, tendo em vista as limitações éticas e práticas atreladas aos estudos em humanos. Entretanto, ainda não existem modelos de depressão capazes de detectar seletivamente antidepressivos de ação rápida e o desenvolvimento de um modelo animal capaz de selecionar fármacos com esse perfil poderia representar um avanço substancial no tratamento e compreensão do TDM e suas bases biológicas. Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo avaliar a exposição crônica à glicocorticóides por via oral como modelo animal para identificar antidepressivos de ação rápida. Para tal, camundongos Swiss machos foram submetidos a ensaios pilotos para selecionar o glucocorticoide a ser usado e as condições experimentais adequadas para realização dos testes comportamentais. Num segundo momento, camundongos foram expostos por via oral por, pelo menos, 28 dias ininterruptos à água mineral (controle) ou à hidrocortisona dissolvida em água (0,1 e 0,033 mg/mL). Ao longo do período de exposição, foram realizados os Testes de Preferência por Sacarose, Campo Aberto, Teste de Esconder Esferas, Teste de Respingo, Teste de Suspensão pela Cauda, Teste de Reconhecimento de Objetos, Interação Social e Teste de Natação Forçada para investigar os comportamentos associados à depressão, ansiedade, memória e a atividade locomotora. No 21º dia, os camundongos tratados com hidrocortisona foram divididos em grupos que receberam, por via intraperitoneal, cetamina (10 e 100 mg/kg) ou veículo uma única administração. Os resultados obtidos sugerem que a hidrocortisona 0,1 mg/mL foi capaz de induzir comportamentos relacionados à depressão e à ansiedade, além de hiperlocomoção nos animais, porém associada a grande perda de peso e óbitos. Em dose menor (0,033 mg/kg), a hidrocortisona provocou efeito ansiogênico logo nos primeiros dias de exposição, enquanto o comportamento anedônico surgiu após 2 semanas de exposição ao corticóide. Apesar do reduzido número amostral, o tratamento agudo com cetamina (a depender da dose), por sua vez, tendeu a reverter a anedônia, o efeito ansiogênico e hiperlocomotor causado pela hidrocortisona (0,033 mg/mL), principalmente após 4 dias de sua administração. Por fim, os dados aqui apresentados apontam que o modelo proposto de exposição repetida à hidrocortisona por via oral foi capaz de mimetizar as alterações comportamentais (sintomatológicas) apresentadas por pacientes com o TDM, possuindo, portanto, uma boa validade de face.