Literatura infantil na escola e outras pedagogias culturais: (con)formando identidades infantis de gênero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Polena Valesca de Machado e
Orientador(a): Momo, Mariangela
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26449
Resumo: Esta dissertação tem como objeto de estudo a (con)formação das identidades infantis de gênero analisadas por meio das pedagogias culturais, com ênfase na literatura infantil, na escola. Para realizá-la, utilizei os pressupostos investigativos dos Estudos Culturais em Educação, de vertente pósestruturalista, os Estudos de Gênero e a contribuição de Michel Foucault no que diz respeito ao conceito de poder. Meu objetivo foi analisar e problematizar o modo como as identidades infantis de gênero são construídas por meio de pedagogias culturais, como a literatura infantil na escola. Entendo que a criança se constitui sujeito a partir de uma construção histórico-social e cultural, capaz de interagir com a sociedade em que vive, possuidora de dependências biológicas e físicas que passam por constante desenvolvimento até atingir um certo grau de independência. Nesse sentido, existe um grande consenso no meio acadêmico-científico de que a criança consegue aprender e se desenvolver produzindo, inclusive, novas culturas dentro e fora dos espaços escolares. Ao mesmo tempo, destaca-se que a interação da criança com o mundo que a cerca, incluindo os artefatos culturais aos quais tem acesso como livros, programas de TVs, sites, brinquedos, entre outros, contribui para a formação de suas identidades. Identidades estas que, segundo Stuart Hall, nunca estão acabadas, mas em constante processo de (re)construção. Esses artefatos podem, dentre outros efeitos, produzir e fixar estereótipos que determinam modos de viver e ser do menino ou da menina. Preocupada com a formação identitária das crianças, busquei estratégias teórico-metodológicas para desenvolver uma pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica em um Centro Municipal de Educação Infantil, na zona sul de Natal – Rio Grande do Norte/Brasil. Durante os meses de setembro de 2016 e junho de 2017, realizei visitas à escola, observando especificamente uma turma de nível IV da Educação Infantil, com registros em um diário de campo e fotografias sobre as vivências das crianças nos momentos em que elas se encontravam na sala de leitura, nos horários de intervalos na escola e em visitas que fizeram ao parque da cidade localizado no mesmo município. Essas observações tinham como foco identificar e registrar situações relacionadas à construção das identidades de gênero das crianças considerando as pedagogias culturais em circulação na escola, tais como a literatura infantil. Além dos dados construídos durante as observações também foram selecionados, para as análises, sete livros que reforçam a formação da identidade estereotipada de ser menino e menina, seis deles em circulação na própria escola, um site de internet e dois blocos de atividades atualmente disponíveis no mercado literário brasileiro. Essas fontes também fazem referência a estereótipos das identidades infantis de gênero. Fiz essas escolhas por considerar que era importante evidenciar que os estereótipos de gênero, evidenciados também na literatura infantil, compõem uma rede conceitual a qual as crianças têm acesso. Os resultados desta pesquisa apontam, dentre outros achados, para o fato de que os artefatos e práticas analisadas não são neutros; eles promovem maneiras de falar, de se comportar e de ver o outro, fortalecendo a ideia de identidades de gênero, em sua maioria homogênea para as crianças, e a ideia formada e definitiva sobre a identidade do outro. Também se caracterizaram alguns desdobramentos a partir da própria identidade (con)formada pelos artefatos pesquisados, como os ensinamentos da própria literatura infantil sobre estética e princesamento. Além de se tornarem um herói, uma princesa ou uma heroína, as crianças utilizaram acessórios que as identificavam esteticamente a partir dos conceitos predeterminados pela literatura. Percebi através das análises que algumas crianças não se relacionavam com as demais por não concordarem com as identidades ali assumidas. A constatação das amarras sociais percebidas durante as observações e a influência delas nas atitudes e possíveis omissões das crianças diante de determinadas situações que envolvem questões de gênero levam à reflexão sobre o papel que as pedagogias culturais podem desempenhar na formação das identidades infantis de gênero.