Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Lins, Poliana Gabriele Alves de Souza |
Orientador(a): |
Ferreira, Renata Gonçalves |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20942
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Resumo: |
A alimentação é pressão seletiva básica de todas as formas de animais. Modelos em ecologia nutricional de primatas prevêem as consequências do consumo de alimentos preferidos e não preferidos no comportamento, fisiologia e morfologia dos animais. Ao mesmo tempo, modelos sócio-ecológicos inferem o padrão de organização social a partir do tipo de competição alimentar enfrentada pelos animais. A definição de alimentos preferidos, e inferências sobre a intensidade de competição e suas consequências comportamentais são informações valiosas para manejo de animais em fragmentos. Neste trabalho observamos o comportamento alimentar e posicionamento espacial de um grupo de mais de 100 macacos-prego galego (Sapajus flavius) que habitam um fragmento de Mata Atlântica, cercado por plantações de cana-de-açúcar. Nós comparamos o consumo de diferentes itens alimentares com sua disponibilidade mensal na região para definirmos os alimentos preferidos e reserva, e contabilizamos as vocalizações de agressão e a distancia inter-individual (área de mínimo polígono convexo/n indivíduos) para inferir a intensidade de competição alimentar vivenciada pelos animais. No ano estudado o tempo consumindo frutas correlacionou com a produtividade das frutas, indicando preferência por frutos. Os nossos dados indicam que as espécies Elaeis sp., Cecropia palmata, Inga spp. e Simarouba amara são os alimentos preferidos na dieta. Disponível durante todo o ano e uniformemente distribuída, a cana-de-açúcar constituiu um item regular na dieta e foi caracterizado como alimento reserva estável para este grupo. Embora as frutas sejam itens alimentares preferenciais, a taxa de competição direta não se correlacionou com a sua produtividade, mantendo-se a índices elevados durante todo o ano (2,45 eventos / hora). O índice de distancia inter-individual correlacionou positivamente com a pluviometria indicando variação na competição indireta por alimentos. O número de vizinhos das fêmeas com filhotes foi menor quando a produtividade de frutos era baixa, indicando que elas estão sofrendo alta competição indireta. Nossos dados indicam que esse grupo faz uso de cana-de-açúcar como alimento reserva estável, o que evidencia a importância da matriz circundante ao fragmento para a sobrevivência desta espécie criticamente ameaçada de macaco-prego no Nordeste do Brasil. Uma lista preliminar de alimentos preferidos e importantes é ofertada, e pode auxiliar na escolha de árvores para reflorestamento e corredores, e escolha de fragmentos a serem conservados e áreas de soltura e translocação de animais. Não verificamos aumento de competição direta durante o uso de alimentos preferidos, mas sim durante o uso de alimento reserva estável. Isso pode dever-se ao ambiente alterado, que resulta em alta competição alimentar durante todo o ano. Tanto a preferencia alimentar quanto as consequências sócio-comportamentais da alta competição alimentar vivenciada pelos animais neste fragmento precisam ser acompanhadas ao longo dos anos para assegurar a sobrevivência desta população. |