Terremotos de João Câmara/RN dos anos 1980: um contexto epistemológico à luz da teoria antropológica do didático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pereira, Leandro Luiz da Silva
Orientador(a): Alves, Milton Thiago Schivani
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/58240
Resumo: O Brasil não está livre de terremotos. Estudos apontam registros de sismos que remontam ao ano de 1720 e, mesmo evidenciando uma baixa taxa de sismicidade nas últimas décadas, alertam para a possibilidade remota de eventos no país com magnitude de onda de corpo (mb) de 7.0. Marcado por uma sequência de abalos sísmicos a partir do evento de 5.1 mb em 1986, o município de João Câmara/RN (JC) torna-se um marco na sismologia brasileira, registrando em cerca de 7 anos mais de 50 mil eventos sísmicos de magnitudes variadas que danificaram mais de 4 mil edifícios, mobilizando a população e diversas autoridades nacionais. Em esforço conjunto de diversas instituições e pesquisadores na investigação dessas ocorrências no interior do RN, chegou-se a Falha Sísmica de Samambaia (FSS), tornando-se produto de um episódio científico da História da Ciência Brasileira (HCB). Por outro lado, no âmbito da Educação Básica e em temas que tocam a sismologia, os elementos históricos e epistemológicos que permeiam esse episódio não são plenamente (re)conhecidos e abordados, a exemplo do Referencial Curricular do Ensino Médio Potiguar (RCEMP), suprimindo, assim, o potencial da concepção de Ciência como prática social coletiva e em constante transformação, bem como a possibilidade de um ensino da sismologia epistemologicamente aprofundado. Nesse sentido e fundamentado na Teoria Antropológica do Didático (TAD), do matemático francês Yves Chevallard, esta tese defende que o entendimento dos constituintes praxeológicos e dos níveis de organização praxeológica na investigação dos abalos sísmicos ocorridos em João Câmara/RN (década de 1980) pode fomentar o resgate e o aprofundamento epistemológico de conhecimentos sobre sismologia potencialmente relevantes, do ponto de vista didático-pedagógico, para o currículo de Ciências da Natureza na Educação Básica. Para isso, por meio da pesquisa do tipo qualitativa e do estudo de caso, buscou-se compreender os conhecimentos científicos relacionados à investigação dos terremotos de JC, valendo-se da intertextualidade entre fontes primárias e secundárias oriundas de trabalhos acadêmicos, acervos de jornais impressos, consultas a pesquisadores e a moradores. Paralelamente, à luz da TAD, esses conhecimentos foram categorizados e analisados com base nos elementos constituintes da Organização Praxeológica de Referência (OPR), especificamente, na prática social dos pesquisadores em Sismologia sobre o caso em questão. Em linhas gerais, destaca-se que a elaboração dessa OPR resgatou a identidade do saber-fazer, utilizado para explicar o fenômeno em contexto, propiciando discussões para que a sua implementação didática seja possível com potencial para o desenvolvimento de propostas didáticas envolvendo esse episódio científico e seus aspectos relativos à Natureza da Ciência. A pesquisa culmina discutindo também os subsídios teóricos latentes da TAD, ponderando as condições didático-epistemológicas para a elaboração de unidades de ensino aprofundadas em contextos sociocientíficos.