Resumo: |
O presente trabalho visa contribuir com as discussões existentes a respeito das interfaces público privado, em especial os espaços de transição e relacioná-los à urbanidade. Considera a importância de se pensar nos espaços de transição como um lugar que faça a conexão do espaço público com o privado, permitindo maior interação, segurança e conforto ao transeunte, locais que deveriam ser pensados com base no direto de ir e vir e/ou permanecer, com total permeabilidade física (sem barreiras), para qualquer pessoa que necessite ou deseje transpassar ou estar. Tem como objetivo investigar os aspectos formais dos espaços de transição e seus elementos que contribuem de forma potencial para a urbanidade e tendo como base esses conceitos, analisar os edifícios localizados no bairro do Tirol, em Natal/RN, a fim de aprofundar a discussão da produção dos espaços livres e edificados. Ao longo do texto articularemos as questões relativas ao edifício e sua relação com a cidade, a interrelação entre os espaços livres e edificados, as gradações entre o público e o privado, o espaço de transição e urbanidade, trazendo à discussão autores como Hertzberger (1999), Gehl (2013), Alex (2008), Alexander (1977), Gomes (2002), Solà Morales (1992), Gausa (2001), e assim apresentando possibilidades de entendimento sobre o tema. Parte do escopo metodológico se dá através da escolha dos segmentos através dos estudos da Sintaxe Espacial, ou Teoria da Lógica Social do Espacial, que consiste nos estudos das relações dos aspectos físicos e a interação social. A escolha dos segmentos se dá a partir dessa observação dos mapas de segmentos normalizados de Integração e Escolha e foram divididos em cinco trechos, sendo eles: trecho 01 (Av. Nevaldo Rocha), trecho 02 (rua Apodi), trecho 03 (Av. Mal. Deodoro da Fonseca), trecho 04 (Av. Prudente de Morais) e trecho 05 (Av. Sen. Salgado Filho). A análise dos trechos foi realizada a partir de leituras de mapas gerados pelo programa Q-GIS e visitas e registros in loco e/ou auxilio do programa Google Street View. Os resultados obtidos nos mostram que os trechos analisados não possuem muitos exemplares edílicos que tenham essa conexão forte com o espaço público, muitas vezes possuindo rompimento de permeabilidade através de muros e gradis ou vagas de estacionamento para veículos. Os poucos exemplares possuem escassos elementos que incentivam a permanência e a co-presença dos transeuntes, influenciando na falta de urbanidade do local. A expectativa deste trabalho repousa no potencial da classificação dos espaços de transição, no diálogo das escolhas e à aplicação de estratégias de projeto, favorecendo um discurso sobre a produção arquitetônica nas cidades contemporâneas. |
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