A cozinha do sentido de Roland Barthes na ficção do escritor-crítico Silviano Santiago

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Brito, Sílvia Barbalho
Orientador(a): Sousa, Ilza Matias de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23998
Resumo: Este trabalho instaura uma discussão que põe em cena o fazer crítico-literário de Silviano Santiago a partir das ficções O banquete (1977), Uma história de família (1992) e De cócoras (1999), para investigar as potências da literatura quanto aos comportamentos e práticas da linguagem que se vinculam às concepções semiológicas do pensador Roland Barthes, no que concerne às dimensões suplementares da cultura e da civilização revertidas na cozinha do sentido (2001): a realização de uma feitura dos signos a partir da perspectiva de um cozinheiro cuja inventividade atinge uma singular produção do sentido, promovendo a ressignificação de múltiplos afetos, resistências, crenças, proibições ou tabus, morte e vida, transgressões das significações humanas em permanente transformação. Essa constante reelaboração, pulsante nos textos de Silviano Santiago, pode abrir fissuras e minar com as estruturas castradoras do pensamento, o que o situa fora da tradição interpretativa do cânone, do sublime, constituindo um contradiscurso capaz de provocar devires inesperados e insuspeitos. Os movimentos do organismo durante a alimentação (a percepção, a digestão e a excreção – processos de transformação do alimento e do corpo) são nossos desencadeadores da ressignificação dos sentidos. Em confluência com essa inusitada perspectiva barthesiana e a escritura do autor brasileiro, somamos o conceito de percepção de Gilles Deleuze (2007), os devires e a constituição do corpo sem órgãos de Deleuze em parceria com Félix Guattari (1996; 1997), o desconcertante sentimento do animal-estar de Jacques Derrida (2002), bem como outras instâncias da vertente filosófica francesa do século XX. Além dessas contribuições, contamos com as diversas produções críticas de Silviano Santiago, garantindo a heterogenia de seus escritos, uma vez que o escritor-crítico estimula o aproveitamento de sua poética em textos críticos e o entendimento de sua literatura com pulsações ensaísticas. Considerando as afinidades entre saberes como literatura, estética e filosofia, a ficção de Silviano Santiago adentra na cozinha do sentido, manifestando, conforme Barthes, um discurso desconstrutivo que perfura o fascismo da língua (1987), desfixando lugares, fazendo romper fronteiras e instaurando expressões não constituídas (ou ainda porvir), sabores não experimentados, de onde emerge o novo.