Fração acetato de mansoa hirsuta: análise toxicológica, farmacológica, química e desenvolvimento de filme polimérico como curativo para cicatrização de feridas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Joquebede Rodrigues
Orientador(a): Lemos, Telma Maria Araújo Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM MEDICAMENTOS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54572
Resumo: Mansoa hirsuta D.C. (Bignoniaceae), conhecida popularmente como “cipó-de-alho”, é uma espécie nativa da região semiárida brasileira sendo tradicionalmente utilizada no tratamento de dores de garganta e diabetes. Estudos relatam que extratos e frações dessa espécie possuem diversas ações farmacológicas, como atividade antifúngica, antioxidante, efeito vasodilatador dependente do endotélio e inibição da enzima conversora da angiotensina, da produção de óxido nítrico e da proliferação de linfócitos. Neste cenário, este estudo seguiu duas linhas de pesquisa: (1) investigar a toxicidade, as ações anti-inflamatórias e analgésicas e a composição química da fração acetato de etila obtida a partir das folhas de M. Hirsuta (MHF); e (2) desenvolver filmes de quitosana incorporados com MHF, como uma formulação inovadora para o tratamento de feridas. A viabilidade celular in vitro foi avaliada em células 3T3 utilizando o ensaio MTT. Em 24, 48 e 72 h, MHF não apresentou prejuízo da viabilidade celular. Para o ensaio de toxicidade aguda, uma dose única da fração foi administrada, por via oral, em camundongos Swiss, machos e fêmeas, não ocorrendo mortalidade, nem sinais detectáveis de toxicidade. Adicionalmente, no teste de toxicidade subcrônica, não foram observadas alterações toxicológicas relevantes. Os resultados dos testes de campo aberto e rota-rod, modelos experimentais que auxiliam na avaliação de toxicidade sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), demostraram que MHF não alterou a atividade locomotora e comportamento dos camundongos, nem provocou alteração na coordenação motora e equilíbrio dos animais tratados. Na avaliação da atividade antiinflamatória, a administração oral única de MHF reduziu o edema induzido por carragenina e os níveis de mieloperoxidase e diminuiu a migração de leucócitos e proteínas no modelo de bolsa de ar. Em relação à atividade antinociceptiva, registrou-se que as maiores doses reduziram a contorção abdominal em resposta à administração do ácido acético e inibiram a segunda fase do teste de formalina. Por fim, a cromatografia líquida de ultra performance (UHPLC), acoplada a um analisador de tempo de vôo e espectrometria de massas, indicou que essa fração é rica em triterpenos ácidos que podem ser derivados dos ácidos oleanólico e ursólico. Em seguida, os filmes foram preparados através do método de evaporação por solvente, e caracterizados por Espectrofotometria de absorção na região do infravermelho com transformada de Fourier, difração de raios X, termogravimetria, Calorimetria exploratória diferencial de varredura, microscopia eletrônica de varredura e microscopia de força atômica. Além disso, também foram realizadas medidas de resistência à tração, alongamento na ruptura e espessura. Os filmes de quitosana contendo MHF (CMHF) exibiram bandas características de quitosana e MHF, revelando uma mistura física de ambos. O CMHF apresentou natureza amorfa, termoestabilidade e dispersão do MHF na matriz de quitosana, resultando em uma estrutura rugosa. Incorporação da fração na matriz de quitosana melhorou de forma significativa o desempenho mecânico e a espessura dos filmes. O tratamento de feridas in vivo (usando que espécie) com CMHF por sete dias mostrou uma área característica de cicatrização avançada, reepitelização, proliferação celular e formação de colágeno. Ademais, o fechamento da ferida atingiu 100% de contração após 10 dias de tratamento com modulação das interleucinas. Portanto, os resultados desse estudo sugerem que MHF é rica em triterpenos ácidos e apresenta um perfil anti-inflamatório e antinociceptivo, sem causar aparente efeitos tóxicos agudos ou subcrônicos, podendo ser uma fonte promissora a ser explorada para o desenvolvimento de propostas terapêuticas para doenças que apresentem esse perfil. Além disso, a incorporação da fração de M. hirsuta em filmes de quitosana foi vantajosa, e apresentou potencial para estimular a reparação e regeneração de feridas.