Os griôs aportam na escola: por uma abordagem metodológica da literatura infantil negra nos anos iniciais do ensino fundamental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Campos, Wagner Ramos
Orientador(a): Amarilha, Marly
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21705
Resumo: Estuda o processo pedagógico de mediação de leitura de literatura infantil negra no contexto da formação do leitor e da educação das relações étnico-raciais nos Anos Inicias do Ensino Fundamental, em urna abordagem qualitativa. Conceitua-se literatura infantil negra corno o conjunto de obras literárias produzidas para a infância que representa como tema central aspectos das histórias e das culturas dos povos negros, seja na diáspora ou no continente africano. A expressão literatura negra sistematizou-se com a coletânea Cadernos Negros, cujos autores ligaram-na diretamente ao histórico de lutas dos movimentos negros brasileiros pela liberdade', igualdade e contra a discriminação racial. Este estudo se justifica pelo fato de, após 13 anos da promulgação da Lei 10.639/2003, que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, pesquisas apontam para seu baixo nível de implementação. No ensino de literatura infantil, a escola corre o risco de promover o primeiro contato dos aprendizes com representações distorcidas de si e de seu legado étnico-cultural, contribuindo com a alienação cultural, que sedimenta o domínio de urnas etnias sobre outras. Objetiva-se investigar possibilidade de trabalho com obras de literatura infantil negra para a construção.efirmativa das identidades negras e o combate ao racismo nos AIEF. Parte do pressuposto teórico de que a mediação de leitura literária nos moldes da andaimagem, em urna lógica de formação leitora que privilegie a experiência estética literária, pode influenciar os processos de recepção leitora, dentre eles, a identificação com personagens de ficção, que participa da formação das identidades culturais (HALL, 2000). Recorre a um referencial teórico formado pela interseção dos seguintes eixos: mediação pedagógica (VYGOTSKV, 1999), literatura (SOUZA, 2009; AMARILHA, 2012; YUNES, 2015) literatura infantil (CADEMARTORI, 1991; OLIVEIRA, 2010), literatura infantil negra (SILVA, 2012; CUTI, 2010; ALVES, 2012), leitura de ficção e a formação do leitor (AMARILHA, 2012, 2013; ISER, 1999; FREITAS, 2005), formação da identidade negra e educação das relações étnico-raciais (HALL, 2000, 2006; CANDAU, 2008). Implementou-se uma pesquisa-ação, através da observação participante com intervenção pedagógica junto a urna turma do 3° ano dos AIEF de urna escola estadual de Natal/RN, Brasil, que incluiu urna etapa de formação junto à professora e o planejamento e implementação conjuntas de 13 sessões de leitura de 6 obras: Um safári na Tanzânia (KREBS, CAIRNS, 2007), O presente de Ossanha (SANTOS, VENEZA, 2006), Koji e o menino de fogo (LOPES, MOREAU, 2008), Bruna e a galinha d'Angola (ALMEIDA, SARAIVA, 2011), As panquecas de Mama Panya (CHAMBERLIN, CAIRNS, 2005) e Anansi, o velho sábio (KALEKI, GOTTING, 2007). Para a coleta de dados, foram utilizados o registro em áudio e vídeo, a entrevista semiestruturada e o diário de campo. O corpus foi composto de 17 sujeitos, com faixa etária entre 7 e 9 anos. Os resultados das análises apontam para a diversidade de resposta dos sujeitos devido à complexidade do problema da identidade étnica, imerso em processos histórico-sociais e psicológicos que atualizam o racismo, o que representa grande desafio aos mediadores, que, por sua vez, têm na literatura campo promissor para seu enfrentamento, conforme indica esta pesquisa.