Affordances motoras no ambiente domiciliar de crianças com microcefalia e o desempenho cognitivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bezerra, Dayse Aleixo
Orientador(a): Carvalho, Jovanka Bittencourt Leite de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27349
Resumo: A microcefalia consiste em uma má formação congênita caracterizada por um perímetro cefálico inferior a dois desvios-padrão ou mais da média esperada para a idade e sexo, com presença de alterações motoras e cognitivas que variam de acordo com o grau de acometimento cerebral. Considera-se que um ambiente domiciliar rico em oportunidades de estimulação motora tem um impacto positivo no desempenho motor e cognitivo das crianças precocemente expostas a esses estímulos. Objetivou-se avaliar affordances motoras no ambiente domiciliar de crianças com microcefalia e o desempenho cognitivo destas. Tratouse de estudo exploratório-descritivo, com delineamento transversal, de abordagem quantitativa, realizado no Centro de Reabilitação Infantil e na Clínica Escola de Fisioterapia. A amostra foi composta por 30 crianças com microcefalia, entre 18 e 42 meses de idade, e suas famílias. Utilizou-se como instrumentos de coleta de dados o Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD) e a escala cognitiva das Bayley Scales of Infant and Toddler Development III (BSITD-III). Após a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa por meio do parecer n° 2.765.621. Observou-se que havia o mesmo percentual de crianças do sexo masculino e feminino e que 50% delas apresentavam escore Z de perímetro cefálico de -3 ao nascer, com média da idade gestacional de 38,44 semanas e a média de peso ao nascer de 2.798,67 gramas. A maior parte (56,67%) realizava terapia até duas vezes na semana. Sobre as características da família, observou-se que na maioria das residências existiam até dois adultos (70,00%), sendo que a metade tinha somente uma criança e a outra metade apresentava duas ou mais crianças. A maioria das crianças (96,67%) nunca frequentou creche ou escola e moravam em uma casa (96,67%). Os pais e mães tinha escolaridade entre quinta a oitava série, com 51,72% e 46,67%, respectivamente. A maior parte tinha rendimento familiar acima de um salário mínimo (56,67%), com classificação socioeconômica D. No que se refere às affordances motoras no ambiente domiciliar, a maioria das residências apresentou espaço físico exterior com rendimento fraco (53,33%) e o interior muito bom (70,00%), variedade de estimulação com rendimento muito fraco (50,00%) e brinquedos e materiais existentes na habitação muito fraco (100,00%). Portanto, a maioria das crianças (73,33%) vivia em lares com baixas affordances motoras, com média de 8,47 (±1,72) pontos no escore padronizado total do AHEMD. A maioria das crianças apresentou desempenho cognitivo extremamente baixo (96,67%). Como produto da pesquisa, foi elaborado um guia destinado aos pais e familiares com orientações sobre estimulação e ampliação de affordances no ambiente domiciliar a fim de que as crianças alcancem o máximo de seus potenciais. Logo, concluiu-se que a maioria das crianças com microcefalia era de famílias com vulnerabilidade socioeconômica, apresentou poucas oportunidades de estimulação motora em seus lares e severo comprometimento cognitivo. Ademais, sugeriu-se a promoção de um ambiente domiciliar rico em affordances motoras, uma vez que um ambiente estimulante parece favorecer o desenvolvimento infantil das crianças.