Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Simone Lorena da Silva |
Orientador(a): |
Alves, Maria da Penha Casado |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49318
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Resumo: |
O presente trabalho tem como objetivo compreender as políticas linguísticas voltadas para a comunidade Surda, no contexto do Brasil e da Turquia, e as suas contribuições para o reconhecimento das respostas oferecidas, por tal planejamento linguístico, para as demandas da vida social dos sujeitos surdos. Dentre as motivações que nos levaram a realização de atravessamentos pelas perspectivas semânticas e axiológicas da comunidade surda turca está o seguinte cenário: embora a Turquia seja um país transcontinental (localizado entre a Europa e a Ásia) sua localização na garante o escape de ser classificada no lado Sul, periférico, na linha abissal do conhecimento (SANTOS, 2009). Desse modo, convidamos os povos de língua de sinais da Turquia e do Brasil para o diálogo entre “dois diferentes mundos” para que pudéssemos olhar a nós mesmos com os olhos de outra cultura, conforme Bakhtin (2011). Para tanto, nossas discussões nossas lentes teórico-metodológicas foram ajustadas com base na desaprendizagem e indisciplina da Linguística Aplicada, na concepção de linguagem de Bakhtin e do Círculo, nos Estudos Surdos e nas Políticas Linguísticas atravessadas pela Teoria do Direito Linguístico. Dito isso, elegemos como corpus de nossa pesquisa doze documentos jurídico-linguísticos brasileiros (2000-2021) e oito legislações turcas (2005-2021) voltados para as línguas de sinais e, por conseguinte, para as comunidades surdas. Após o cotejamento das jurisprudências, ora citadas, evocamos as vozes sociais de surdos por meio de metáforas pertencentes a documentários e livros que tem o posicionamento axiológico da pessoa surda como centro de valor. No contexto de nossa pesquisa emergiram três categorias de pesquisa, a saber: (1) Direito Linguístico das comunidades surdas e a ética da responsabilidade (A metáfora de Gládis “Ser surdo, povo surdo, nação surda” - Direito Linguístico das comunidades surdas e a ética da responsabilidade: meu não-álibi); (2) Alteridade e vozes sociais: o voo da gaivota (A metáfora de Laborit “[...] estava gritando sobre um oceano de barulhos...” - Alteridade e vozes sociais: o interlocutor surdo abstrato nas primeiras legislações); (3) Forças discursivas: um ouvido ambulante ou um corpo falante? (A metáfora de Sandrine: “Sou como um ouvido, um enorme ouvido, um ouvido ambulante” - Forças discursivas: o (des)arranjo do entendimento jurídico-linguístico acerca da Língua de Sinais). Observamos que, o excedente de visão, possibilitou o distanciamento do que já conhecemos (as políticas linguísticas voltadas para os surdos brasileiros), a apreciação do valor cultural do existir fora-de-mim questionando ao outro (o planejamento linguístico para surdos turcos) e encontrando alternativas de respostas dialógicas e axiológicas que transgredem a nossa própria vivência. Portanto, ao nos tornamos outros, com o acabamento provisório refletido e refratado pela pupila cognoscente de um outro, potencializa-se a possibilidade de ver localmente (Brasil) o que ainda não foi visto, e/ou pensar de outra forma nas “categorias da nossa própria vida”. Vale ressaltar que, nossa atitude responsiva elaborada COM as comunidades surdas brasileiras e turcas (por meio do cotejamento dos documentos e pela encarnação do direcionamento da palavra à Sandrine, Laborit e Gladis) tem uma falta que foi despojada pela pandemia da COVID-19, com a suspensão das aulas presenciais: a convivência com os surdos. Não obstante, esperamos que nossas respostas, provisórias e inacabadas, contribuam para o fortalecimento e melhoria de condições de existência para as comunidades surdas. E, por fim, que possamos ter gerado mais questões, curiosidades e incômodos que nos impulsionem a agir no mundo para que as epistemologias se renovem e quando olharmos o outro nos olhos, que dois mundos se (des)encontrem. |