Crianças e espaços públicos: a percepção da infância como subsídio para transformar áreas com vulnerabilidade socioambiental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Andrade, Clarissa Freitas de
Orientador(a): Elali, Gleice Virginia Medeiros de Azambuja
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57883
Resumo: As configurações dos espaços frequentados pelas crianças, as oportunidades que estes oferecem e as interações sociais que ali acontecem influenciam o desenvolvimento infantil e permanecem na memória dos adultos. Por outro lado, a desigualdade social gera lacunas na garantia dos direitos básicos das pessoas não favorecidas socioeconomicamente, dificultando seu acesso a muitos espaços e serviços. Assim, pressupondo-se que entender a percepção infantil pode promover oportunidades para a incorporação de novos conhecimentos ao planejamento das cidades, questiona-se: que espaços públicos são frequentados/utilizados por crianças moradoras de áreas em situações de vulnerabilidade socioeconômica? Quais destes lugares permanecem presentes em suas memórias (e como)? Que características devem ter os espaços públicos localizados em áreas vulneráveis para que as crianças se apropriem deles e os convertam em lugares de bem-estar, capazes de eliciar boas memórias da cidade? A pesquisa foi alicerçada na Psicologia Ambiental e em conceitos, como percepção ambiental, apropriação do espaço, identidade de lugar, vinculação ao lugar e ambientes restauradores. Pressupondo-se que, em geral, nossas cidades não dispõem de muitos locais que sejam adequados ao uso, reforcem sensações de segurança e restauração (física e psicológica) e promovam memórias positivas da cidade, notadamente em áreas socioeconomicamente vulneráveis, a hipótese de pesquisa indica que, como as crianças em situação de pobreza se apropriam de lugares pouco propícios ao seu desenvolvimento saudável, conhecer suas percepções e memórias pode subsidiar propostas de equipamentos voltados para o atendimento das necessidades desta população. A tese se aproximou desta realidade por meio de um estudo na cidade de Fortaleza, Ceará, tendo como recorte espacial a Comunidade Dom Hélder Câmara, localizada na Praia do Futuro. O objetivo geral da pesquisa foi compreender a apropriação desta área vulnerável com base nas percepções de crianças que ali vivem atualmente e nas memórias de pessoas que moraram no local na infância, a fim de elaborar indicativos para melhorar a qualidade de vida desta população. A investigação empírica teve abordagem qualitativa e recorreu a multimétodos por meio de questionários, mapas de emoções, poema dos desejos, diário de campo, entrevistas estruturadas e semiestruturadas. Participaram da investigação: (i) crianças atualmente moradoras da comunidade; (ii) adultos responsáveis pelas crianças participantes e que viveram no local durante a infância; (iii) técnicos/especialistas que estudam ou trabalham a realidade de crianças em situação de pobreza na cidade. A sistematização das questões emergentes evidenciou a relação entre problemas socioambientais, econômicos e políticos inerentes àquele contexto e possibilitou a indicação de caminhos a considerar em seu enfrentamento, com potencial para contribuir com políticas públicas no setor. Ressalta-se a importância de não apenas contar com a resiliência da população, mas, sobretudo, facilitar o acesso da infância ao usufruto de direitos essenciais, incluindo um ambiente capaz de proporcionar dignidade e qualidade de vida para todos.