Acidentes ofídicos em região semiárida potiguar: epidemiologia, etnozoologia e divulgação científica como subsídios à prevenção de acidentes e conservação de espécies

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Mikaelle Kaline Bezerra da
Orientador(a): Freire, Eliza Maria Xavier
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27957
Resumo: Acidentes ofídicos constituem problema de saúde pública, e frequente em todo o mundo. O Brasil abriga cerca de 405 espécies de serpentes descritas, destas, 17% são peçonhentas e podem ocasionar lesões com envenenamento fatal em suas vítimas. De forma geral, esses acidentes resultam das interações humanas com as serpentes, bastante conflitantes e diversificadas quanto à utilidade e simbolismo desses animais. Além disso, ações antrópicas têm provocado alterações ambientais que reduzem a disponibilidade de habitats naturais para as serpentes, aumentando o contato entre estas e seres humanos. Entender o comportamento humano perante esses animais requer uma abordagem etnozoológica, pois esta avalia os conhecimentos, conceitos e utilidades dos animais nas sociedades humanas, contribuindo para a elaboração de estratégias de conservação no contexto das comunidades locais. Nesse sentido, este estudo teve como objetivos avaliar o padrão epidemiológico dos acidentes ofídicos no Estado do Rio Grande do Norte, contribuir para a prevenção de novos acidentes e conservação de espécies, através de abordagem etnozoológica, e promover ações socioeducativas e de divulgação científica em área considerada de risco. Foi realizada análise retrospectiva dos acidentes ofídicos ocorridos no estado do Rio Grande do Norte de 2007 a 2016, avaliando o padrão epidemiológico dos acidentes e relacionando a sua ocorrência com fatores ambientais. Tomando como base os dados registrados no SINAN, identificaram-se as áreas de risco por meio deste estudo, quando foi elencado o município de Santa Cruz/RN, o mais populoso da microrregião da Borborema potiguar, área de risco iminente de acidentes ofídicos, principalmente com Bothrops erythromelas (jararaca). Neste município foram aplicados formulários semiestruturados por meio de entrevista com vítimas de acidentes ofídicos ocorridos durante o período em questão, para identificar as características do acidente, registrar suas percepções sobre as serpentes, enfim, analisar a Etnozoologia sob a ótica dos acidentados. Estes estudos possibilitaram integrar os conhecimentos local e científico para produção de materiais didáticos e instrucionais, pensados e elaborados para divulgação científica a grupos distintos (educadores, estudantes, técnicos da área de saúde e comunidade em geral), com abordagens acessíveis e imagens de serpentes comuns no semiárido. As análises dos dados epidemiológicos e etnozoologicos, além de identificar a população economicamente ativa, residente em área rural e dependente da agricultura de subsistência como a mais susceptível aos acidentes ofídicos, apontaram ainda algumas limitações, dentre as quais o reconhecimento das serpentes peçonhentas, e resistência à manutenção de mitos e crenças ligadas especialmente ao tratamento das vítimas. Os materiais didáticos produzidos foram aplicados, avaliados e divulgados ao público-alvo. Mudanças positivas na percepção foram constatadas e a expectativa é que a divulgação científica e popularização da Ciência promovam a disseminação dos novos conhecimentos, desmistificação acerca das serpentes, redução de acidentes e conservação de espécies.