Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Miranda, Felipe Silva de |
Orientador(a): |
Silva, Isabella de Matos Mendes da |
Banca de defesa: |
Silva, Ricardo Mendes da,
Kamida, Hélio Mitoshi |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola
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Departamento: |
CCAAB - Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://ri.ufrb.edu.br/jspui/handle/prefix/1091
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Resumo: |
O acesso a água tratada é um direito humano básico. Porém ela pode ser contaminada na origem, durante a sua distribuição, bem como nos reservatórios domiciliares. As Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) representam um importante problema de saúde pública e possuem diversos agentes etiológicos, como bactérias, vírus, helmintos, protozoários e fungos. Esses microrganismos possuem distribuição cosmopolita e mecanismos de transmissão similares. A sua ocorrência vem aumentando significativamente em nível mundial principalmente onde são mais precárias as condições socioeconômicas da população, como em zonas rurais. Ademais, o tratamento da água em comunidades da zona rural é um desafio. Tratamentos alternativos nem sempre são eficientes ou são realizados da forma correta. Desta forma, o estudo objetivou avaliar a qualidade bacteriológica, parasitológica, física e química da água destinada para consumo humano numa comunidade da zona rural do Recôncavo da Bahia, averiguando os fatores relacionados a uma possível contaminação; além de avaliar o efeito antimicrobiano in vitro da exposição à luz (450 nm) na água bruta destinada ao consumo humano, investigando a relação dos resultados com parâmetros físicos e químicos. Para a avaliação da qualidade da água, o estudo foi realizado em 53 domicílios, no final da estação chuvosa (agosto a setembro de 2015) e no final da estação seca (abril de 2016). Foi avaliada a presença de coliformes totais, Escherichia coli; quantificadas bactérias heterotróficas; realizada avaliação parasitológica; analisados pH, temperatura, oxigênio dissolvido, cor aparente, turbidez e salinidade; aplicada lista de verificação com questões referentes à fonte da água e seu armazenamento. Todas as amostras estavam em desacordo aos parâmetros permitidos e recomendados pela legislação brasileira. De acordo com os dados obtidos, a origem da água, presença de reservatório no domicílio, destino de esgoto e o tempo de limpeza do reservatório interferiram diretamente nos resultados bacteriológicos. Para a avaliação do efeito antimicrobiano in vitro, foram coletadas 15 amostras da mesma comunidade da zona rural. As amostras foram expostas diretamente a um sistema de iluminação composto por diodo emissor de luz por 10 horas. As quantificações de bactérias heterotróficas, coliformes totais e temperatura foram realizadas a cada duas horas. As análises bacteriológicas foram repetidas após 72 horas da finalização da exposição. As análises de pH, oxigênio dissolvido, e salinidade foram realizadas antes de cada experimento. Houve uma redução significativa nos dois parâmetros bacteriológicos analisados após o tratamento. A média das reduções das bactérias heterotróficas foi de 97,01 % e dos coliformes totais foi de 95,61 %. Os parâmetros pH, oxigênio dissolvido e temperatura tiveram relação direta com a redução percentual de bactérias heterotróficas. Destarte, o consumo das amostras analisadas pode representar um risco à saúde da população, podendo levar inclusive a surtos de DTA. Medidas efetivas de tratamento da água e corretivas no seu acesso devem ser tomadas para minimizar o risco à saúde humana. Por ser singular, este estudo pode servir como empenho inicial na procura de novos métodos para desinfecção de água. Com pesquisas adicionais, o processo pode ser aperfeiçoado, tornando viável um novo método de desinfecção de água a ser aplicado in loco. CAPÍTULO 1 = Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) é uma síndrome originada pela ingestão de alimentos e/ou de água que contenham agentes contaminantes em quantidades tais que afetem a saúde do consumidor, em nível individual ou em grupos populacionais. Nos últimos 15 anos, a água foi a terceira maior causa relacionada a surtos de DTA no Brasil, com diversos agentes etiológicos envolvidos como bactérias, como Escherichia coli, e protozoários, como Giardia spp.. Esses microrganismos possuem distribuição cosmopolita e mecanismos de transmissão similares, além de estarem diretamente relacionados à ausência ou precariedade das condições socioeconômicas e saneamento básico. O Ministério da Saúde estabelece os padrões de potabilidade da água para consumo humano e dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade dessa água por meio da Portaria MS 2914/2011. Essa legislação define diversos parâmetros permitidos e recomendados para água destinada ao consumo humano. Para a avaliação bacteriológica, faz uso de microrganismos indicadores, como bactérias heterotróficas, coliformes totais e Escherichia coli. Conjuntamente, aborda uma série de parâmetros físicos e químicos como pH, cor aparente e turbidez. Além disso, preconiza análises parasitológicas em condições específicas de contaminação bacteriológica da água. Para se tornar potável, a água pode passar por diversos tipos de tratamento como cloração, fervura, filtração, exposição à luz solar e exposição à luz ultravioleta. Cada um desses sistemas possui vantagens, desvantagens e limitações. Pontos positivos e negativos devem ser levados em consideração para a escolha do sistema de desinfecção mais adequado à necessidade do consumidor, de modo que medidas efetivas de tratamento da água devem ser tomadas para minimizar o risco à saúde humana. CAPÍTULO 2 = Objetivou-se avaliar qualidade bacteriológica, parasitológica, física e química da água destinada para consumo humano numa comunidade da zona rural do Recôncavo da Bahia (Brasil), e os fatores relacionados a uma possível contaminação. As coletas foram realizadas em dois momentos: na estação chuvosa 9 agosto a setembro de 2015 (agosto a setembro de 2015 ) e da estação seca (abril de 2016). Foi avaliada a presença de coliformes totais, Escherichia coli; quantificadas bactérias heterotróficas; realizados os métodos parasitológicos de exame direto, Faust modificado; analisados pH, temperatura, oxigênio dissolvido, cor aparente, turbidez e salinidade; aplicada lista de verificação com questões referentes à fonte da água e seu armazenamento. Dos 53 domicílios, 26 67,9 % estavam fora dos padrões bacteriológicos de potabilidade, 5,7 % fora dos padrões parasitológicos, 92,5 % fora dos padrões físicos e químicos e todas as amostras estavam em desacordo os parâmetros permitidos e recomendados pela legislação brasileira. A origem da água (p = 0,002), presença de reservatório no domicílio (p = 0,004), destino de esgoto (p = 0,004) e o tempo de limpeza do reservatório (p = 0,003) tiveram relação direta com os resultados bacteriológicos. O consumo desta água representa um risco à saúde da população, podendo ocasionar surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos. Medidas efetivas de tratamento da água e corretivas no seu acesso devem ser tomadas para minimizar o risco à saúde humana. CAPÍTULO 3 = Objetivou-se avaliar o efeito antimicrobiano in vitro da exposição à luz (450 nm) na água bruta destinada ao consumo humano, bem como foi investigada a relação dos resultados com parâmetros físicos e químicos. Foram coletadas 15 amostras de água bruta em domicílios da zona rural de Santo Antônio de Jesus – Bahia (Brasil) no período de novembro e dezembro de 2016. Uma alíquota de 100 mL de cada amostra foi exposta a um sistema de iluminação composto por dois diodos emissor de luz de alta intensidade (10 W cada), com comprimento de onda de 450 nm e fluxo luminoso de 200 lúmens por 10 horas. As quantificações de bactérias heterotróficas, coliformes totais e temperatura foram iniciadas em tempo zero e realizadas a cada duas horas até o final da exposição. As análises bacteriológicas foram repetidas após 72 horas da exposição da luz. As análises de pH, oxigênio dissolvido, e salinidade foram realizadas antes de cada experimento. Houve uma redução significativa nos dois parâmetros bacteriológicos analisados após o tratamento (p = 0,000). Ocorreu um decréscimo médio nas contagens de bactérias heterotróficas de 3,44 para 1,86 log UFC/mL e de coliformes totais de 2,45 para 1,02 log UFC/mL. A média das reduções das bactérias heterotróficas foi de 97,01 % e dos coliformes totais foi de 95,61 %. Após 72 horas, as duas contagens aumentaram, com crescimento significativo entre bactérias heterotróficas (p = 0,000), porém não houve crescimento significativo para coliformes totais (p = 0,058). pH (ρ = -0,981; p = 0,000), oxigênio dissolvido (ρ = -0,529; p = 0,043) e temperatura (ρ = 0,521; p = 0,047) tiveram relação com a redução percentual de bactérias heterotróficas. O método demonstrou ser efetivo na desinfecção da água bruta in vitro em diversas condições físicas e químicas diferentes. |