Floração e frutificação da comunidade arbórea na zona de preservação da vida silvestre base 4, Tucuruí, Pará: padrões gerais e variações entre espécies

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: PEREIRA, Antônia Gleissiane Alves Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UFRA/MPEG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Resumo: O estudo dos padrões fenológicos é de grande importância para a compreensão da estrutura e do funcionamento dos ecossistemas naturais. Apesar da grande variedade de padrões, o entendimento da periodicidade de flores e frutos nas florestas tropicais é limitado. O objetivo deste trabalho foi conhecer o ritmo de produção de flores e frutos da comunidade arbórea em uma floresta ombrófila aberta na área de influência do reservatório da UHE Tucuruí, e na família Arecaceae, em particular, devido à grande importância de seus componentes para a fauna de frugívoros. As seguintes questões foram examinadas: 1) Quais os padrões de floração e frutificação apresentados pelas espécies arbóreas na comunidade local? 2) Esses padrões se repetem entre os anos? 3) Os eventos fenológicos de floração e frutificação estão relacionados às variações na precipitação, insolação e temperatura? 4) Quais os padrões apresentados pelas espécies de palmeiras na comunidade local? 5) Existe variação fenológica intra e interespecífica na família? A região possui duas estações bem definidas - chuvosa e seca - sendo agosto e setembro os meses de menor precipitação. As temperaturas médias mensais são > 240C e a pluviosidade anual > 2.500 mm. Foram monitorados mensalmente os indivíduos com DAP > 10 cm em sete parcelas de um hectare e anotadas presença (ou ausência) de botões florais, flores, frutos imaturos e maduros de novembro/2004 a abril/2007. O número de espécies e indivíduos em atividade fenológica foi comparado entre anos. Correlações foram realizadas com a precipitação até dois meses antes, e com insolação e temperatura do mês do evento. Para caracterizar a fenologia das espécies na comunidade e na família Arecaceae, foram calculadas primeira ocorrência, sincronia (dentro de Arecaceae), pico e duração das fenofases flor aberta, fruto imaturo (apenas Arecaceae) e fruto maduro. Foram acompanhados 2.982 indivíduos distribuídos em 49 famílias, 152 gêneros e 295 espécies, sendo 331 palmeiras pertencentes a cinco espécies. O período com maior porcentagem de espécies com flor foi durante a estação seca e com frutos maduros no início da estação chuvosa. As datas de início e pico das fenofases não foram significativamente diferentes entre os anos, na comunidade geral. Floração apresentou correlações positivas com insolação e temperatura e negativa com precipitação. Frutificação foi negativamente correlacionada com insolação e precipitação. As espécies de palmeiras diferiram no grau de sazonalidade da reprodução, mas de maneira geral apresentaram longos períodos de frutificação. Extensos períodos de frutificação é o padrão comumente encontrado em palmeiras e pode estar relacionado a uma maior probabilidade de sucesso na dispersão de sementes e germinação. Entre as palmeiras, a maioria das variáveis fenológicas analisadas não ocorreu no mesmo período entre as espécies e não foram encontradas evidências de restrições filogenéticas entre as espécies. Os padrões fenológicos encontrados na comunidade local são semelhantes aos encontrados em outras florestas tropicais. Devido à ausência de estudos anteriores à implantação da Usina, não foi possível verificar se as mudanças na paisagem local afetaram os padrões fenológicos apresentados pela comunidade. Nós sugerimos, entretanto, que estes padrões não foram alterados no nível da comunidade, mas algumas mudanças podem estar ocorrendo em nível populacional, possivelmente devido a alterações nos processos de polinização e dispersão em algumas espécies.