O fogo e seus efeitos sobre a herpeto e a mastofauna terrestre no Parque Nacional de Ilha Grande (PR/MS), Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Koproski, Letícia de Paulo
Orientador(a): Batista, Antonio Carlos, 1956-
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1884/1638
Resumo: O presente trabalho foi desenvolvido no Parque Nacional de Ilha Grande, Unidade de Conservação situada na região sul da planície de inundação do alto Rio Paraná, na divisa dos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, Brasil. Os objetivos foram caracterizar o perfil dos incêndios, definir a estação de perigo de incêndios, descrever as atitudes dos animais frente ao fogo, identificar as espécies atingidas pelos incêndios e relacionar a natureza das lesões causadas pelo fogo, e identificar as espécies animais ocorrentes nas áreas queimadas. O perfil dos incêndios foi determinado pela avaliação das ocorrências compreendidas de 1999 a 2003. A estação de perigo de incêndios foi definida a partir das condições meteorológicas de temperatura, umidade e precipitação registradas de 1998 a 2003. A determinação dos efeitos do fogo sobre a fauna foi feita pela avaliação dos efeitos diretos e indiretos do fogo observados durante dois incêndios ocorridos em setembro de 2003. A avaliação dos efeitos diretos foi realizada pela descrição das atitudes dos animais frente ao fogo e pela avaliação da mortalidade e das lesões associadas com a ação do fogo. Os efeitos indiretos foram avaliados pela identificação das espécies que utilizaram as áreas queimadas. Entre 1999 e 2003 foram registrados 52 incêndios, totalizando 129.481,5 ha de área queimada. Nos meses de agosto e setembro foram registrados 64% dos incêndios. O maior número de incêndios (13), bem como a maior extensão de área queimada (100.097,5 ha) foi registrado na Ilha Grande. O grupo “incendiários” foi a principal causa registrada. A análise das condições meteorológicas da região revelou que a estação de perigo de incêndios no Parque ocorre entre julho e setembro. Os animais observados frente ao fogo foram três serpentes, uma anta (Tapirus terrestris), quatro bugios (Alouatta caraya), 31 cervosdo- pantanal (Blastocerus dichotomus), dois preás (Cavia aperea), dois tamanduásmirim (Tamandua tetradactyla) e um tatu-galinha (Dasypus novemcinctus). As atitudes dos animais frente ao fogo foram compatíveis com comportamentos frente a sinais de ameaça. Foram encontrados dezesseis animais mortos e três vivos com queimaduras. Os animais encontrados mortos foram seis serpentes (quatro Bothrops moojeni, uma Thamnodynastes hypoconia e um colubrídeo não identificado), dois preás, um tamanduá-mirim, seis tatus-galinha e um puma (Puma concolor). Os animais encontrados vivos com queimaduras foram uma coral-verdadeira (Micrurus lemniscatus), um cervo-do-pantanal e um preá. A monitorização das áreas queimadas, realizada no período de um ano, revelou que répteis e mamíferos utilizaram essas áreas de forma diferenciada de acordo com as características biológicas dos grupos e com os recursos disponíveis. No Parque Nacional de Ilha Grande os incêndios florestais são ocorrências periódicas e o fogo afeta direta e indiretamente a herpeto e a mastofauna terrestre ocorrente na Unidade. Pela primeira vez foi registrada a morte de um Puma concolor e o deslocamento aquático de Alouatta caraya, ambos devido à ação do fogo.