Influência da ictiofauna sobre as comunidades bentônicas em ilhas costeiras de Santa Catarina e no arquipélago dos Abrolhos, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Ortigara Longo, Guilherme
Orientador(a): Floeter, Sergio Ricardo, 1969-
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1884/25527
Resumo: Resumo: Os peixes são fundamentais para a estruturação e resiliência de ambientes aquáticos, de forma que o manejo desses ambientes requer um entendimento do impacto da comunidade de peixes sobre a comunidade bentônica. O presente trabalho apresenta uma metodologia para avaliação das interações entre peixes e a comunidade bentônica através da utilização da técnica de filmagem remota. Tal método foi aplicado em diferentes sistemas recifais da costa brasileira (i.e. costões rochosos, recifes de coral em franja e chapeirão), mostrando-se sensível à detecção de riqueza de peixes e efetivo para a avaliação do seu impacto sobre a comunidade bentônica. Além disso, a metodologia permite que tal interação seja avaliada sob uma perspectiva da comunidade de peixes como um todo. Em ecossistemas de costão rochoso do sul do Brasil, avaliou-se a influência da profundidade e cobertura bentônica sobre o impacto dos peixes. Houve uma clara diferença na composição de espécies de peixes que interagiram com a comunidade bentônica entre os dois estratos de profundidade avaliados, ainda que, de maneira geral, o impacto total foi semelhante entre os estratos raso e fundo, com um maior impacto no raso. Os grupos funcionais com impactos mais representativos sobre a comunidade bentônica foram os onívoros (principalmente representados por Diplodus argenteus) e os predadores de invertebrados móveis (principalmente representados por Pseudupeneus maculatus). Houve relação entre a intensidade do impacto das espécies de peixe em relação à cobertura bentônica e profundidade. No entanto, considerando que a cobertura bentônica variou com a profundidade, a profundidade representou o fator predominante na determinação do impacto dos peixes sobre a comunidade bentônica nesses costões rochosos. Dois sistemas recifais foram identificados no Arquipélago dos Abrolhos: o Chapeirão e os recifes em franja no entorno das Ilhas. Tal diferença se refletiu nos padrões de interação entre peixes e a comunidade bentônica, sendo a cobertura por corais (scleractíneos e zoantídeos) determinante para tais diferenças. Espécies de peixes mais abundantes em biomassa, em geral, interagiram com a comunidade bentônica, mas não necessariamente na mesma porporção. A utilização da Contribuição Funcional Potencial, em ambas as áreas de estudo, demonstrou que espécies muito abundantes, porém com impacto baixo sobre a comunidade bentônica podem na verdade contribuir fortemente nesta interação. Esta abordagem permitiu uma melhor compreensão do papel funcional de peixes nas interações com a comunidade bentônica. Em Abrolhos, o impacto das espécies e grupos funcionais de peixes variou entre os locais, mas, principalmente, em função do período do dia. Detectou-se maior impacto no período da manhã (09:00h – 13:00h), corroborando teorias de variação diária no comportamento alimentar para peixes herbívoros de recife temperado. Identificou-se ainda que a maior parte da contribuição funcional potencial dos peixes tenha sido realizada por acanturídeos e scarídeos (somando cerca de 90%). Ambos os grupos, especialmente os scarídeos, vem sofrendo ou podem sofrer forte pressão de pesca comprometendo seu papel funcional nos ecossistemas recifais. Tal cenário pode se tornar catastrófico à estabilidade e resiliência dos ecossistemas marinhos, de forma que a melhor compreensão do papel funcional dos peixes nos sistemas recifais brasileiros e o manejo funcional de tais grupos é urgente, podendo representar uma abordagem mais adequada à atual crise dos sistemas recifais.