Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Vieira, Maurício Medeiros |
Orientador(a): |
Vasconcellos, Manoel Luís Cardoso |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
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Departamento: |
Instituto de Filosofia, Sociologia e Política
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7567
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Resumo: |
Abordar o problema do mal não é uma tarefa fácil e nem nova, pois muitos autores, tanto da filosofia quanto da teologia, elaboraram diversos estudos em busca de solucionar uma questão, que ao mesmo tempo, é tão antiga e atual na vida humana, seja no âmbito moral, natural ou mesmo metafísico. Não podemos, por conseguinte, negar que o mal exista e que interfira na vida prática do ser humano, porém, tampouco se pode mostrar com exatidão a sua origem ou apontar uma fórmula eficaz que solucione todos os seus efeitos. A questão da existência do mal é ainda mais problemática quando inserida dentro de um contexto que leve em consideração a existência de um Deus que age através da sua providência organizando e regendo todas as coisas com bondade, justiça e sabedoria. Nesse sentido, o nosso objetivo é abordar a obra testamentária de Severino Boécio escrita no século VI, o De consolatione philosophiae, composta em cinco livros que tratam tanto da verdadeira felicidade quanto da incômoda questão do mal perante a existência de um Deus que governa todas as coisas com bondade e justiça. Num diálogo envolvente entre Boécio, condenado à morte e a sua consoladora, a “Filosofia”, temas como os falsos bens da fortuna, a verdadeira felicidade, a existência do mal, a providência divina, o livre-arbítrio entre outros, serão fundamentais para mostrar duas coisas: que Deus, Sumo Bem, é a verdadeira felicidade e que o mal não existe, pelo menos no sentido ontológico. Nesse contexto, Boécio irá abordar a questão do mal em dois momentos: a negação ontológica do mal e a sua existência apenas no âmbito moral oriundo do livre-arbítrio; e a questão da impunidade dos maus e do sofrimento dos bons afirmando se tratar de uma visão equivocada e limitada do homem que não compreende a totalidade do saber divino, que da eternidade, proporciona a todos o que é devido com sabedoria e justiça. Para entendermos os argumentos de Boécio para a solução do problema do mal, será necessário abordarmos dois autores que influenciaram diretamente no seu pensamento: Agostinho com sua obra “O Livre-Arbítrio” e Platão com seu diálogo “Górgias”. Em verdade, antes de Boécio, Agostinho também abordou o problema do mal e negou a sua existência ontológica afirmando sua permanência apenas na esfera moral oriundo do pecado e proveniente da vontade livre do homem. Da mesma forma, Platão em “Górgias” aborda a ideia de justiça e injustiça afirmando que cometer uma injustiça é pior que sofrer e mais, afirma que todo aquele que comete uma injustiça e fica impune é mais infeliz que o infrator que paga a justa pena pelo seu delito. Por conseguinte, nosso estudo mostra a fundamental importância de ambos os autores para a resposta final de Boécio que, além de negar o mal ontológico e garantir que os bons não estão a mercê da fortuna, garante que a providência divina é justa e não deixa os maus sem suas devidas punições. |