A pecuária familiar em Bagé (RS) : a expansão da soja e as contradições da reprodução social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rosa, Felipe Santos da
Orientador(a): Soto, William Héctor Gómez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Soy
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/12115
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi analisar os diferentes impactos do avanço dos plantios de soja às estratégias de reprodução social de dois grupos de pecuaristas familiares discriminados neste estudo: os pecuaristas familiares tradicionais e os pecuaristas familiares patronais. O locus da pesquisa é o município de Bagé (RS), no bioma Pampa, que passa por um processo de transformação da sua matriz produtiva rural. Com a economia baseada historicamente na pecuária de corte – onde se insere a pecuária familiar – a região, principalmente nos últimos 20 anos, tem a soja como cultura agrícola emergente e dominante. A perspectiva teórica embasou-se no conceito de reprodução social das relações de produção, de Henri Lefebvre, como noção fundamental para análise da forma como a agricultura moderna, representada neste estudo pelas lavouras sojícolas, reproduz suas relações sociais e impõe consequências aos produtores de base familiar. De forma a abarcar a compreensão sobre a reprodução social do pecuarista familiar, foi usado o referencial de José de Souza Martins e Arturo Escobar, de maneira a discutir como as relações de produção deste ator social se embasam em lógicas não-capitalistas. Para melhor entender o fenômeno, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 pecuaristas familiares que, a partir do critério contratação de mão-de-obra, foram divididos nos grupos pecuária familiar tradicional (8 entrevistados) e pecuária familiar patronal (7 entrevistados). De forma complementar, como objetivo específico da pesquisa, foi realizada a análise das percepções destes dois grupos sobre os impactos da soja à capacidade produtiva da pecuária e às estratégias de reprodução social da pecuária familiar, baseadas na relação produtiva com o bioma Pampa, sucessão familiar, produção de autoconsumo e rendas não-agrícolas. Do conjunto de informações levantadas, foi possível concluir que, apesar de haver impactos transversais negativos das lavouras de soja a toda a categoria familiar de pecuaristas, como a deriva de agroquímicos, a modificação do bioma Pampa e o inflacionamento do preço da terra, existem, também, percepções distintas sobre os impactos da expansão agrícola de acordo com a diferenciação existente dentro da heterogeneidade da pecuária familiar – enquanto pecuaristas familiares tradicionais percebem de forma mais intensa prejuízos como a inviabilização da produção de autoconsumo e a desestruturação da capacidade produtiva da pecuária em campo nativo, pecuaristas familiares patronais tendem a perceber benefícios da relação com a soja, a partir de dinâmicas comerciais estabelecidas com os lavoureiros.