Isolamento e caracterização fenotípica e molecular de bactérias ácido lácticas bacteriocinogênicas em leite in natura da região oeste de Santa Catarina.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Schittler, Liziane
Orientador(a): Silva, Wladimir Padilha da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial
Departamento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5918
Resumo: As bactérias ácido lácticas (BAL) são um grupo de micro-organismos que podem estar presentes em diversos alimentos, incluindo o leite in natura, e que apresentam a capacidade de produzir várias substâncias com atividade antagonista, como ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, diacetil e bacteriocinas, que têm potencial para serem utilizadas na bioconservação de alimentos. Este estudo teve como objetivo isolar e realizar a caracterização bioquímica e molecular de BAL bacteriocinogênicas em leite in natura da região oeste de Santa Catarina, Brasil. Dezoito amostras de leite in natura, coletadas em dias diferentes no tanque de recepção de um laticínio foram inoculados nos ágares de Man, Rogosa e Sharpe (MRS) e M17 e incubados a 25 e 35°C, sob aerobiose e anaerobiose, sendo o primeiro por 72h e, o segundo, por 48h, obtendo-se contagens de BAL entre 3,2 e 7,46 log UFC mL-1 de leite. Obtiveram-se 478 isolados, Gram-positivos e catalase negativa, os quais foram avaliados quanto a sua atividade antagonista contra Listeria monocytogenes, bem como se identificou a natureza da atividade antagonista, através do método spot-on-the-lawn, utilizando os meios ágar MRS, ágar Infusão de Cérebro e Coração (BHI) e ágar BHI com catalase (BHI+ catalase). Os 28 isolados que apresentaram antagonismo contra L. monocytogenes e nos quais a atividade antagonista foi devida a um peptídeo, confirmada pela sensibilidade a pelo menos uma das enzimas testadas (pepsina, –quimotripsina, proteinase K e tripsina), foram identificados em nível de gênero e espécie através do sistema ViteK®2. Vinte e quatro isolados puderam ser identificados por este sistema, sendo vinte (20) Enterococccus faecium, três (3) Leuconostoc pseudomesenteroides e um (1) E. gallinarum. Entre os 20 isolados identificados bioquimicamente como E. faecium, 16 foram confirmados em nível de gênero por PCR e em nível de espécie através do sequenciamento do gene pheS. Esses 16 isolados foram agrupados por Rep-PCR e avaliados por PCR quanto a presença dos genes das enterocinas A, B, P e L50A/B. Todos os isolados carreavam pelo menos um dos genes dessas enterocinas e, apesar de terem gerado quatro diferentes perfis moleculares por Rep-PCR, não houve relação direta entre a presença dos genes das enterocinas e os perfis moleculares. Além disso, foram testados para dois marcadores de virulência: atividade da -hemolisina e sensibilidade a antimicrobianos de uso clínico. Nenhum isolado apresentou atividade da enzima -hemolisina. A sensibilidade a antimicrobianos foi avaliada pelo método de difusão em disco, utilizando-se os antibióticos ampicilina (10μg), vancomicina (30μg), tetraciclina (30μg) e penicilina G (10μg). Todos os isolados foram sensíveis a vancomicina, 94% a ampicilina, e 88% a tetraciclina. Os maiores níveis de resistência foram para penicilina (44%) e tetraciclina (19%). Verifica-se que isolados de E. faecium provenientes de leite in natura da região oeste de Santa Catarina, apresentam grande potencial para serem utilizados como bioconservadores, no entanto, há necessidade de se realizar mais estudos para verificar a presença de genes de virulência nesses isolados e/ou a viabilidade de purificação das enterocinas para sua utilização em alimentos.