O Acesso à Justiça em retalhos: linguagem em experimento por uma jurista-cartógrafa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Julio, Ana Carolina Cavalcante Ferreira
Orientador(a): Henning, Ana Clara Corrêa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Direito
Departamento: Faculdade de Direito
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8705
Resumo: Logo que tocou, fui atender ao telefone. Alô? – perguntei do lado de cá da linha. Chamadas nos conectam com esse outro lugar, com pessoas além de nós. E durante a pandemia, isso se tornou ainda mais frequente. Não queríamos pensar sozinhas. Por isso, buscamos fazer muitas ligações aqui. A principal delas foi com os nossos avós. Tratamos esta pesquisa, então, como uma ligação carinhosa a eles. São páginas que expressam suas histórias através de um olhar crianceiro. E o inusitado encontro dessa fabulação com a pesquisa acontece quando a criança que se encantava por palavras decidiu investigar sobre o acesso à justiça e a sua efetividade, pela metodologia da cartografia. Lança-se, assim, um olhar de estranhamento às expressões do direito, que hoje compõem o conceito de justiça a partir de significados e princípios modernos. Pergunta-se: de que modo o acesso à justiça, contado a partir das palavras da modernidade, produz seus efeitos, pensando sob a perspectiva do jurista? E de que outra maneira isso poderia ocorrer? A partir daí é que a pesquisa se propõe a criar um exercício de profanação da linguagem, trazendo ao uso comum as palavras do direito. Assim, seguindo a teoria de Economides (1999), realocamos o estudo das ondas renovatórias de acesso à justiça para tratar sobre a formação do próprio jurista. É urgente que saibam usar as suas palavras de modo a tornarem-nas manuseáveis, de uso comum, resistindo à lógica moderna de produção de desigualdades. Afinal, a linguagem é um instrumento de saber-poder que exerce muita força na construção desse modo de vida existente. Busca-se, com isso, um modo de vida ética, através da ética do cuidado em nossas relações. E isso também é acesso à justiça. Como conclusão, detém-se sobre o processo de criação de um direito sem órgãos, cada um para si, em práticas cotidianas de justiça. Especificamente aqui, pela linguagem e a criação de uma história em quadrinhos. Assim, além de encontrar-se alocada na área dos direitos sociais, esta dissertação se liga a diferentes áreas do conhecimento, como psicologia, filosofia, arte e educação. Como referencial teórico, utiliza-se Foucault (2007), Deleuze e Guattari (2013), Santos (2013) e Agamben (2009). Portanto, profanaremos o direito, com linha e agulha, costurando heterotopias (FOUCAULT, 2009) em pedaços de vida. Até mais! Tu-tu-tu-tu.