Quando a piada é um crime: a banalização da violência contra a mulher

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cardoso, Carla Oliveira Bohm
Orientador(a): Giacomelli, Karina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/9871
Resumo: No presente trabalho, propomos a realização de uma possível análise do projeto enunciativo de comentários na página da UOL. O corpus que serve de objeto de análise à pesquisa foi coletado na plataforma Facebook e consiste em comentários enunciados por perfis de homens e mulheres sobre uma comparação entre o Jogador Neymar Júnior envolvido em um escândalo com a modelo Najila Trindade em 2019 e o goleiro Bruno responsável pela morte cruel de Eliza Samudio em 2010. O caso de Bruno é, então retomado e serve de comparação em tom humorístico entre eles, utilizando para isso expressões como Nutella (Neymar) x Raiz (Bruno). Interessou-nos, portanto, pensar de que modo essa pretensão humorística no discurso pode, na verdade, estar servindo de manutenção a pressupostos machistas e misóginos, e também, o quanto uma proposta humorística sobre feminicídio pode estar ao invés de fazendo uma piada, colaborando com a perpetuação da violência contra a mulher. Para isso, buscamos suporte nos pressupostos teóricos e metodológicos desenvolvidos pelo Circulo de Bakhtin e seus estudiosos. Dessa forma, nossa análise foi pautada a partir de um parâmetro sugerido por Sobral (2009) em diálogo com Brait e consiste na descrição, análise e interpretação do objeto de estudo. Entendemos que a justificativa de fazer humor a partir da violência contra mulher pode banalizar e naturalizar a reprodução dessa violência porque, sob a proposta do discurso humorístico, a violência funciona como se fosse brincadeira, e é legitimada por fatores sócio/históricos de uma sociedade ainda patriarcal, marcando uma banalização que propõe a propagação de atitudes machistas, misóginas e de delito.