Inventário de visitantes florais na cultura do morangueiro e efeitos de inseticidas sobre as abelhas nativas Melipona quadrifasciata e Tetragonisca fiebrigi (Hymenoptera: Apidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Piovesan, Bruna
Orientador(a): Zotti, Moises João
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/13167
Resumo: A polinização é de grande importância na produção de várias culturas agrícolas. No morangueiro, é facilitada com o auxílio de insetos, como as abelhas, que desempenham papel fundamental na redução das taxas de deformação dos frutos. Os objetivos deste trabalho foram: a) realizar um inventário dos visitantes florais associados ao morangueiro da cultivar Albion cultivado no sistema semi-hidropônico na região da Serra Gaúcha e identificar potenciais espécies de abelhas nativas polinizadoras; b) determinar os efeitos letais (mortalidade), subletais (atividade locomotora), além do perfil de detoxificação de inseticidas e acaricidas utilizados na cultura do morangueiro sobre as abelhas nativas sem ferrão Melipona quadrifasciata e Tetragonisca fiebrigi; c) realizar uma revisão sistemática seguida de meta-análise abordando os efeitos dos inseticidas sobre abelhas. No primeiro estudo, os insetos presentes na cultura do morangueiro foram capturados as 9h30min, 12h30min e 15h30min, em três cultivos comerciais localizados nos municípios de Bento Gonçalves e Farroupilha. No segundo estudo, as abelhas foram expostas a formulação comercial dos inseticidas novalurom (Rimon Supra®), espinetoram (Delegate®) e tiametoxam (Actara® 250 WG) e do acaricida abamectina (Vertimec® 18 EC), via oral e tópica, determinando a CL50 e DL50, respectivamente. O efeito comportamental sobre a atividade locomotora das abelhas foi avaliado após a exposição a doses subletais (CL10 e CL50). A inibição da enzima esterase foi avaliada em T. fiebrigi após a aplicação de tiametoxam. No terceiro estudo, foram investigados trabalhos que avaliaram os efeitos dos grupos dos organofosforados, piretróides, neonicotinóides, inibidores da síntese de quitina e espinosinas em abelhas. As flores do morangueiro foram visitadas por 47 espécies de insetos sendo Apis mellifera a mais abundante, constante, dominante e frequente. Doze espécies de abelhas nativas foram identificadas sendo Tetragonisca fiebrigi, Plebeia emerina e Plebeia remota as com maior potencial para polinização dirigida do morangueiro em cultivo protegido, devido a abundância e facilidade de manejo. O efeito secundário dos inseticidas variou conforme a forma de exposição e espécie de abelha. Na via oral, M. quadrifasciata foi mais sensível que T. fiebrigi a todos os inseticidas, com exceção para abamectina, enquanto na via tópica, T. fiebrigi foi mais susceptível. Tiametoxam seguido por espinetoram e abamectina foram os mais letais, para ambas as espécies e formas de exposição, enquanto novalurom não foi prejudicial. A atividade locomotora das abelhas foi alterada quando expostas a doses subletais de abamectina, espinetoram e tiametoxam. Os ensaios enzimáticos indicaram que as esterases podem estar envolvidas no processo de detoxificação do tiametoxam em T. fiebrigi. Nas condições avaliadas, espinetoram e abamectina podem ser tão tóxicos como tiametoxam para M. quadrifasciata e T. fiebrigi. Estes resultados devem ser confirmados em experimentos de campo para definir a possibilidade do gerenciamento integrado de pragas e polinizadores. Os neonicotinoides são o grupo de inseticidas mais estudado no mundo e mais comumente relatados por causar efeitos subletais em abelhas. Muitas lacunas sobre os impactos dos inseticidas ainda permanecem, especialmente em relação as abelhas nativas sem ferrão e a susceptibilidade em condições de campo.