Esmaltes cerâmicos de cinza: um dispositivo relacional como possibilidade de reconexão ser humano/natureza por meio da arte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Marques, Angélica de Sousa
Orientador(a): Pohlmann, Angela Raffin
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais
Departamento: Centro de Artes
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9472
Resumo: Esta pesquisa tem como tema a criação de processos de produção de esmaltes cerâmicos à base de cinzas de vegetais e propõe a investigação desses processos a partir do conceito de dispositivo relacional (BOURRIAUD, 2009; HOLMES, 2006), gerando encontros de pessoas para a troca de saberes e o encontro da obra de arte com o espectador. A sindemia da covid-19, presente desde antes do ingresso no mestrado, fez refletir sobre a necessidade de desenvolver novas práticas ecológicas, micropolíticas e microssociais, associadas às práticas estéticas. Nesse cenário, o tema mostrou-se significativo, pois corroborou a importância de práticas ecosóficas nos registros ecológicos do meio ambiente, nas relações sociais e na subjetividade humana (GUATTARI, 1990). Sendo assim, a pesquisa apresenta práticas de coleta de barro selvagem e uso das cinzas como forma de reaproveitamento de um resíduo. A autora discorre sobre o contexto do território que passa a habitar, que se tornou seu lar e ateliê, e procura mostrar que, por meio da relação desse território e da arte cerâmica, é possível nos encantarmos (KINCELER, 2008) e estabelecer uma reconexão com os ciclos da natureza. A trajetória é descrita desde o encontro com a arte cerâmica e com os processos colaborativos até o ingresso no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Foram utilizadas como suporte metodológico a cartografia, a autobiografia – com ênfase na autoetnografia –, e a pesquisa bibliográfica, que se complementaram no decorrer da pesquisa. Para pensar sobre a coleta dos materiais utilizados nesta pesquisa, o processo artístico é apresentado com o conceito de respigagem (VARDA, 2000) das cinzas vegetais e do barro selvagem sob a perspectiva da cultura visual (LODDI; MARTINS, 2009). O fogo é considerado como um elemento determinante no processo, que também ressalta a necessidade de reconexão do ser humano com o cosmos, fazendo um entrelaçamento da cerâmica e da estética wabisabi (IKISHI, 2018; KEMPTON, 2018; KOREN, 2019; SAINT CLAIR; RIBEIRO, 2016) com a espiritualidade. São apresentadas algumas das produções artísticas individuais da autora e produções coletivas, como a proposição poética Compartilhamentos, acompanhada do conceito de “coisa” (INGOLD, 2015).