Cárie na primeira infância: fatores associados e o efeito de intervenções educativas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Azevedo, Marina Sousa
Orientador(a): Cenci, Maximiliano Sérgio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Departamento: Faculdade de Odontologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8555
Resumo: A cárie na primeira infância (CPI) permanece como uma das doenças mais comuns da infância causando danos à saúde geral e afetando a qualidade de vida da criança. Estratégias educativas podem trazer benefícios importantes para a saúde bucal da criança, já que durante a primeira infância é que se forma o comportamento para a saúde bucal, porém existem divergências acerca da efetividade deste método. Este trabalho tem por objetivo revisar sistematicamente a efetividade de diferentes tipos de intervenções educativas na redução da cárie na dentição decídua; avaliar a efetividade de uma intervenção educacional direcionada às mães na prevenção da CPI através de um ensaio clínico randomizado (ECR) em conglomerado; descrever e analisar o conhecimento e crenças das mães quanto aos fatores associados à CPI e descrever e avaliar a prevalência de cárie, as práticas de higiene bucal e fatores associados. A revisão sistemática buscou nas principais bases de dados (PubMed, Cochrane-Central, EMBASE) e incluiu ECRs e ensaios clínicos controlados, com CPI como desfecho principal, em crianças de 0 a 5 anos. Os estudos foram selecionados e os dados extraídos. Foi realizada avaliação da qualidade dos estudos e metanálise para avaliação quantitativa. No ECR em conglomerado, 24 unidades básicas de saúde foram aleatoriamente sorteadas em dois grupos, intervenção (GI), o qual as mães de crianças de 0 a 12 meses receberam uma intervenção educativa sobre a forma de panfleto e instrução verbal, e controle (GC, sem intervenção). Houve a coleta de dados socioeconômicos e demográficos através de entrevista. No GI foi aplicada uma entrevista para avaliar o conhecimento das mães sobre CPI no baseline (2010). Após um ano (2011), as crianças foram examinadas para determinar a presença de cárie e placa dentária. Crianças foram consideradas com CPI quando pelo menos uma superfície não cavitada e/ou uma superfície cavitada foi detectada. No ano de 2011, no CG, uma entrevista para coleta de dados referentes às práticas de higiene bucal foi utilizada. Na revisão 18 artigos foram incluídos. Instrução verbal e escrita foram as formas de intervenção mais utilizadas. A metanálise de 4 ECRs sugere que intervenções educativas reduzem significativamente a CPI (OR 0,18, IC 95% 0,08–0,40). No ECR 533 pares mãe-filho foram incluídos, 445 completaram o seguimento (GI 174, GC 271). Após ajuste pelo número de dentes, o risco de cárie foi 80% maior no GC (p=0,037). Na investigação do conhecimento das mães o açúcar e a falta de higiene bucal foram as principais razões apontadas para CPI. A maioria das mães (90%) sabia quando iniciar a escovar os dentes do seu filho. Mães com mais de um filho tinham mais dificuldade em saber a idade correta de levar seu filho ao dentista pela primeira vez. Com relação às práticas de higiene e cárie, das 262 crianças examinadas, 42 (16%) tinham cárie. A baixa escolaridade materna e baixa renda foram associadas com maior risco de cárie, com a presença de placa dentária e com o fato de a mãe não relatar prática de higiene bucal (P<0,05). Programas de prevenção são necessários para crianças pequenas e os resultados sugerem que intervenções educativas de saúde bucal são efetivas na prevenção da CPI, porém mais ECRs, com uma maior qualidade metodológica, são necessários para fornecer uma resposta mais definitiva em relação ao tipo de intervenção mais efetiva.