Por uma infância simbólico-cultural: um grupo macrossocial como testemunha simbólica de uma época.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bordin, Francine Borges
Orientador(a): Peres, Lúcia Maria Vaz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5591
Resumo: Esta pesquisa insere-se no Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Imaginário, Educação e Memória (GEPIEM) e, por isso, numa proposta de hermenêutica simbólica instauradora e amplificadora. Tem por objetivo investigar as imagens das capas de cadernos de crianças da educação infantil até a terceira série/ano do ensino fundamental, de 1991 a 2010. Os cadernos pesquisados fazem parte do acervo de cadernos do grupo de pesquisa História da Alfabetização, Leitura, Escrita e dos Livros Escolares (HISALES). Para desenvolver a pesquisa, traçou-se a seguinte problematização: O que emerge nas imagens das capas de cadernos de crianças da educação infantil até a terceira série/ano do ensino fundamental do Sudeste do Rio Grande do Sul entre a última década do século XX e primeira década do século XXI? Para responder este questionamento e dar conta do objetivo proposto, elencou-se como teoria mestra os Estudos do Imaginário desenvolvidos por Gilbert Durand, em diálogo com outras perspectivas teóricas, como a história e a sociologia. Metodologicamente, adotou-se a mitanálise durandiana para desenvolver a investigação, considerando que esta é uma metodologia que se aplica à macroanálise de um contexto social sob o prisma do imaginário. A tese defendida é a de uma Infância Simbólico-cultural, na qual artefato das culturas da infância permitiu analisar o simbolismo presente na infância da época eleita. O artefato que aqui se refere são as capas de cadernos, caracterizados enquanto artefatos simbólicos repleto de projeções imaginárias. Dessa forma, se a criança é uma testemunha da história, a infância, nessa perspectiva, é testemunha simbólica de determinada época. Mais ainda, a ideia de infância transcendental se materializa, pois ela foge ao tempo comum e se perpetua, mantendo-se e renovando-se, sem findar sua existência, da mesma forma como o imaginário que preconiza os Estudos do Imaginário de Gilbert Durand. É possível afirmar, então, que os cadernos se constituem enquanto artefatos das culturas da infância que refletem o trajeto antropológico preconizado pelo autor-guia deste estudo. Isso porque os símbolos que surgem nas imagens das capas de cadernos carregam consigo as intimações objetivas e subjetivas que emanam do meio social, o que permitiu vislumbrar o trajeto simbólico-cultural da infância na época pesquisada, configurando as seguintes pregnâncias simbólico-culturais: infância natural e anímica; infância adultizada; infância nas profundezas; infância e interação social; infância em equilíbrio; e infância unificadora. Defende-se que a Infância Simbólico-cultural une os dinamismos e polaridades simbólicas, apresentando a infância, a partir das pregnâncias emergidas das constelações simbólicas, como: a estrutura simbólica e social de uma sociedade, que parece revelar um período do inconsciente humano, como resiliente, como onírica, como representação do mundo adulto, como interacionista, como mediadora e equilibradora de uma sociedade. Isso significa dizer que a infância da virada do milênio (décadas de 1990 e 2000) traz consigo a potência simbólica que permite enxergar uma sociedade refratada, problematizada por crianças, que desafiam o ser adulto. O trajeto antropológico da infância, portanto, é caracterizado pela relação simbólica e cultural que o meio permite, nesse caso sendo a capa dos cadernos um artefato que visibiliza esse trajeto.