Roça Quilombola: (re) existência secular das Comunidades Quilombolas no Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Fonseca, Eder Ribeiro
Orientador(a): Carle, Cláudio Baptista
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/13760
Resumo: O texto que apresento é sobre o envolvimento dissertativo, na alteração das linguagens orais para a escrita, no PPGAnt (Programa de Pós-Graduação em Antropologia), na Área de Concentração: Antropologia Social e Cultural, nas linhas de Pesquisa Comunidade, Rede e Performance e Sociedade, Ambiente e Territorialização. O universo da ancestralidade negra, dos quilombos no Brasil é marcado pela oralitura e aqui convertemos em textualidade. A dissertação trata sobre o processo de envolvimento, de comunidades quilombolas no sul do estado do Rio Grande do Sul, na constituição da Roça Quilombola. Ação que é fruto de uma perspectiva histórica dos quilombolas, que vem se estabelecendo na região de Pelotas, há pelo menos 300 anos, como forma de resistência multissecular as ações devastadoras da agricultura e criação ostensiva de gado na forma capitalista. Ação que consideramos devastadora e se estabelece com a penetração dos europeus, inicialmente os espanhóis com a criação de gado de forma ostensiva e depois com o estabelecimento de monoculturas agrícolas. Ação devastadora, que sempre tiveram o contraponto quilombola. Resistência nas formas de plantio e criação de grupos pequenos de animais, com o manejo controlado dos territórios, realizado pelos pequenos produtores rurais e em especial os quilombolas, que essa investigação se dedica em elucidar. O estudo é fruto de uma escuta atenta de representantes de comunidades quilombolas, da região da antiga Pelotas, hoje marcada por vários municípios diferentes. A interação, que eu como quilombola, com formação superior na área de estudo da Roça Quilombola, pode inscrever nesse contexto amplo do fazer/ser dos quilombolas, no sul do Brasil. A atuação antropológica, que é marcada pela escuta, pela interação, pela escrita densificada, possibilita apresentar esses resultados. O estudo mostra como a perspectiva afrocentrada, trazida e mantida pela ancestralidade, que pode ser identificada de maneira evidente, nas manifestações cosmogônicas africanas no Brasil (conhecidas como religiões de matriz africana). Identificam os sentidos da produção da Roça Quilombola, como marcante para a manutenção do pensamento e ligação com uma ancestralidade afrocentrada da existência. Essa afrocentricidade se apresenta no processo de plantio e colheita, de muitas formas, mas que aqui foquei na produção de ervas de cura. Poções ligadas às entidades irmãs, que são as plantas e com as quais, como quilombolas convivemos e nos comunicamos no ato de perpetuação da existência, no plano material e na reapresentação das forças condutoras da existência, no plano imaterial. As variações e suas forças, ligadas as entidades ancestrais, são aqui apresentadas, considerando os valores expressos nessas forças. A Roça Quilombola é uma comunidade em interação com os quilombolas, interação marcada pela ancestralidade, das várias entidades de força, que a constituem e que aqui mostro na medida da não revelação dos segredos, que devem ser preservados e que não são apresentados, nem como texto nem como expressão.