Avaliação citotóxica de formulações de esteroides anabolizantes apreendidas pela Polícia Federal em cultivo primário de astrócitos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Guerra, Gabriela Tolfo
Orientador(a): Spanevello, Roselia Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Bioprospecção
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/10926
Resumo: Esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs) são substâncias sintéticas derivadas da testosterona. Devido aos efeitos adversos causados pelos EAAs a sua utilização acontece de forma controlada ou até mesmo proibida. No entanto, o uso ilícito destes tem aumentado ainda mais o risco de efeitos deletérios graves. Os EAAs apresentam ações neurotóxicas, no entanto, seus efeitos em astrócitos ainda são pouco compreendidos. Dessa forma, devido à importância dos astrócitos para a homeostase cerebral a investigação dos efeitos do EAAs sobre essas células torna-se relevante. Assim, o objetivo do trabalho foi realizar a análise química de EAAs apreendidos pela Polícia Federal e avaliar a citotoxicidade destes compostos em cultura de astrócitos. Foram utilizadas 5 formulações de EAAs aprendidas pela Policia Federal (denominadas de compostos C1, C2, C3, C4 e C5) e a forma comercial de decanoato de nandrolona como controle padrão. A análise do princípio ativo nas amostras foi identificada através cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG EM). Para a análise citotóxica, culturas de astrócitos corticais de ratos Wistar neonatos foram expostas ao decanoato de nandrolona e aos compostos C1 - C5 nas concentrações de 10, 30 e 100 μM durante 48 e 72 h. Após, testes de viabilidade e proliferação celular, níveis de espécies reativas de oxigênio (ROS), conteúdo tiólico total (SH), níveis de nitritos e atividade das enzimas catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD) foram determinados. Três das amostras de EAAS apresentaram composição diferente da indicada no rótulo. C1 e C2 não tinham rótulo, mas o decanoato de nandrolona foi identificado em ambas. No C3 o rótulo indicava a presença de undecilenato de boldenona porém foi identificado o decanoato de nandrolona na formulação. No C4, o rótulo indicava o propionato de testosterona, mas os compostos identificados foram decanoato de nandrolona, propionato de testosterona e cipionato de testosterona. O C5 tinha decanoato de nandrolona no rótulo, mas esse composto não foi identificado por CG-EM. Em relação aos efeitos citotóxicos o decanoato de nandrolona e C1 aumentaram a proliferação celular na concentração de 10 μM enquanto C3 e C4 na de 100 μM (P<0,05). C1 e C2, C4, C5 e decanoato de nandrolona (10 μM) e C3 (100 μM) aumentaram a viabilidade celular. Por outro lado, foi observado uma redução na viabilidade celular nas maiores concentrações avaliadas (P<0,05). Um aumento de ROS foi observado com decanoato de nandrolona, C1, C4, C2 e C5 enquanto um aumento nos nitritos ocorreu com decanoato de nandrolona, C3 e C4 na maior concentração testada. Os níveis de SH foram reduzidos quando os astrócitos foram expostos ao decanoato de nandrolona, C1, C2 e C5 (P<0,05). Por fim, a atividade da CAT foi reduzida pelo decanoato de nandrolona e C1, C2 e C5 e a SOD por C2 e C5 (P<0,05). Os EAAs apreendidos alteraram a viabilidade e proliferação celular além de causar dano oxidativo em astrócitos. Esses achados demonstram o potencial gliotóxico dos EAAs além de evidenciar que as formulações apreendidas podem ser perigosas para a saúde dos usuários, devida sua composição ser incerta e não possuir o controle de qualidade correto para sua produção.