Ele contra ela: uma análise discursiva de testemunhos de mulheres vítimas de violência doméstica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Avila, Suzana Schmechel de
Orientador(a): Vinhas, Luciana Iost
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Centro de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9133
Resumo: Há muito que a violência contra a mulher deixou de ser um problema de marido e mulher no qual “ninguém mete a colher”. Tornou-se um problema social que demanda da sociedade e dos órgãos competentes intervenções para preservar a vida das mulheres e garantir seus direitos básicos. Pensando nisso é que o coletivo Filhas de Frida propôs uma iniciativa para que mulheres vítimas de violência doméstica compartilhassem suas histórias de relacionamentos abusivos para apoiá-las a romper o ciclo da violência e para que pudessem conscientizar outras mulheres. A iniciativa foi divulgada nas redes sociais e reuniu vinte e seis relatos. O corpus deste estudo é composto por seis sequências discursivas recortadas dos relatos e analisadas a partir do dispositivo teórico-analítico da Análise do Discurso de viés Materialista, desenvolvida por Michel Pêcheux. Partindo do entendimento de que esses relatos apontam para algo que deve ser dito, ou seja, aponta para um falar urgente, os relatos são teoricamente entendidos como testemunhos (MARIANI, 2016). O objetivo do trabalho é refletir sobre o processo de subjetivação das mulheres nos relatos-testemunhos de violência doméstica. Para tanto, foi necessário problematizar as condições de produção da violência contra a mulher e promover um debate teórico sobre os conceitos da Análise do Discurso que nortearam a descrição e a interpretação do corpus. Pelo gesto de análise mobilizado, foi possível identificar o excesso do discurso-outro, que está identificado com a formação discursiva dominante, reproduzindo o imaginário dominante sobre a mulher, materializado pela negação e por outras estruturas linguísticas presentes nas sequências discursivas. Após as análises, podemos concluir que o próprio ato de testemunhar suas experiências de violência, permite às mulheres colocarem-se em uma posição de resistência frente ao imaginário dominante que atravessa seus discursos. Ao mesmo tempo em que trazem na materialidade o discurso-outro, o negam, marcando seu rompimento com o imaginário dominante, subjetivando-se pela desidentificação com a formação discursiva dominante e assumindo uma posição para enunciar em uma formação discursiva de resistência.