Indicadores de qualidade de vida relacionada a saúde bucal (QVRSB) e sua relação com fatores clínicos e funcionais em usuários de overdentures mandibulares reabilitados com o sistema Facility-Equator

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Schuster, Alessandra Juliê
Orientador(a): Faot, Fernanda
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Departamento: Faculdade de Odontologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4596
Resumo: A avaliação da qualidade de vida relacionada a saúde bucal (QVRSB) é um importante desfecho centrado no paciente que pode ser utilizado como indicador de sucesso do tratamento com overdentures mandibulares implanto-retidas (OM). No entanto, estudos pareados e randomizados que investiguem a relação entre a QVRSB e melhorias funcionais advindas de diferentes interevenções em pacientes desdentados totais com atrofia óssea mandibular e que passam pela reabilitação com OM ainda são escassos. Assim, o objetivo desta tese foi investigar a influência da reabilitação com OM na QVRSB. Bem como verificar as possíveis influências das variáveis independentes: idade, tempo de edentulismo dos pacientes, diferentes tipos de carregamento oclusal (carregamento convencional – CC e imediato - CI); e intercorrências protéticas resultantes da reabilitação com OM retidas por 2 implantes de diâmetro reduzido (IDR) não esplintados na QVRSB. Para isto, foram delineados quatro estudos: i) Estudo clínico prospectivo de curta duração que avaliou o impacto do tratamento com OM retidas por 2 IDR na QVRSB através de três questionários (OHIPEDENT, DIDL e GOHAI) em 25 pacientes antes e após 3 meses do carregamento oclusal das próteses; ii) Estudo clínico pareado prospectivo longitudinal com 12 meses de acompanhamento que investigou a influência da idade (divisão em dois grupos: ≤65 e >65 anos) e do tempo de edentulismo (divisão em dois grupos <25 anos e ≥25 anos) de 33 pacientes na função mastigatória (FM) e na QVRSB em indivíduos edêntulos, antes e durante o primeiro ano de reabilitação com OM. A FM foi avaliada através dos testes de performance mastigatória (PM) e limiar de deglutição (LD) antes e após 1, 3, 6 e 12 meses do carregamento das OM. A QVRSB foi avaliada através dos questionários OHIP-EDENT e GOHAI, antes e após 3, 6 e 12 meses. iii) Ensaio clínico randomizado de acordo com o carregamento oclusal, CI (10 pacientes) ou CC (10 pacientes), com 1 ano de acompanhamento em que se investigou a influência do tipo de carregamento oclusal em IDR como retentores de OM através do comportamento clínico, biológico, funcional, e percepção subjetiva do paciente, além da observação da incidência das intercorrências protéticas de cada grupo. As variáveis de desfechos foram: saúde peri-implantar (índice de placa visível – IPV, cálculo - C, grau de inflamação - GI, índice de profundidade de sondagem – IPS e índice de sangramento gengival – ISG), estabilidade primária e secundária dos implantes (ISQ), sobrevivência, sucesso, perda óssea marginal (POM), remodelação óssea (RO), concentração de citocinas IL-1β e TNF-α presentes no fluído crevicular periimplantar, avaliação da FM através do teste de PM e da QVRSB pelo questionário OHIP-EDENT e descrição de complicações/manutenções durante o tratamento; iv) Estudo clinico longitudinal que avaliou o desempenho do componente protético Equator como retentor de OM em 24 pacientes através da perspectiva protética em 2 anos de carregamento das próteses; e investigou se os eventos de manutenções e complicações protéticas afetariam a QVRSB. A QVRSB foi acessada através dos questionários OHIP-EDENT e GOHAI. Os resultados do estudo I mostraram que a QVRSB de usuários de próteses totais convencionais (PT) foi significativamente melhorada já após 3 meses de tratamento com OM, especialmente em relação aos domínios dos questionários que englobam aspectos funcionais e relacionados à dor com o uso das próteses. No estudo clínico II observamos que a idade e o tempo de edentulismo não influenciaram a FM de pacientes usuários de OM após 1 ano da instalação das próteses. No entanto, a OM melhorou significativamente a FM de todos os pacientes, sendo esta melhora mais evidente em pacientes mais jovens (≤65 anos) e com menor tempo de edentulismo mandibular (<25 anos). Já a QVRSB foi influenciada pela idade e tempo de edentulismo em somente enquanto os pacientes eram usuários de PT, sendo que o tratamento com OM eliminou essas diferenças. De acordo com os resultados do artigo III, foi evidenciado que o CI promoveu melhor adaptação dos tecidos periimplantes ao redor dos componentes protéticos em decorrência da observação de menor profundidade de sondagem e menor número de intercorrências protéticas. Diferença significativa entre CC e CI foi observada para o desfecho IPS aos 12 meses, e para a concentração de TNF-α e IL-1β em 6 meses de cicatrização. Ainda, a melhoria na FM e na QVRSB foi observada independentemente do tipo de carregamento utilizado. Os resultados do artigo IV revelaram que complicações relacionadas à manutenção protética, como fratura da prótese, soltura do componente Equador, necessidade de reembasamento de prótese e confecção de nova overdenture, afetaram a QVRSB dos usuários de OM, principalmente nos domínios dor física e desconforto, com maior significância no primeiro ano de uso das OM. Além disso, todos os domínios dos questionários GOHAI e OHIP-EDENT apresentaram diferença significativa entre as avaliações iniciais e após 1 e 2 anos do carregamento das próteses, exceto para o domínio de incapacidade social e desconforto psicológico do OHIP-EDENT após 1 ano. Através dos resultados dos 4 estudos, pode-se concluir que a QVRSB é significativamente melhorada já em 3 meses após a instalação de OM retidas por 2 IDR em uma população com baixa disponibilidade óssea na região anterior da mandíbula, sendo independentemente da idade, tempo de edentulismo dos pacientes e do tipo de carregamento oclusal utilizado. No entanto, os eventos de complicações protéticas advindas deste tratamento podem ainda continuar interferindo na QVRSB de usuários de OM até 2 anos após o carregamento das próteses.