Do mal-estar à readaptação: o que causa o adoecimento e o afastamento da função docente.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Brand, Rita Melânia Webler
Orientador(a): Ferreira, Márcia Ondina Vieira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8653
Resumo: A educação tem sofrido grandes mudanças nas últimasdécadas, as quais têm afetado o trabalho docente com novas formas de avaliação e controle, bem como têm exigido o domínio de novas tecnologias. Desta forma, as relações humanas e as capacidades psicofísicas dos docentes foram atingidas, produzindo neles um grande esforço para cumprir com suas funções, levando muitos profissionais ao mal-estar e ao adoecimento. A pesquisa emerge da experiência docente da sua autora, tendo sido desenvolvida com professores readaptados da rede pública estadual de ensino do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo (PR). São denominados de readaptados os docentes com limites físicos ou psíquicos, afastados pela perícia médica de suas funções laborais para ocupar outras funções compatíveis com sua capacidade física e/ou psíquica. Sete docentes participaram da pesquisa, dos quais 6 mulheres e 1 homem, com idade entre 44 e 62 anos.Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e notas de campo foram tomadas, o que caracteriza o estudo como uma pesquisa qualitativa. O objetivo geral foiidentificar os professores em situação de readaptação nas escolas do NRE de Toledo (PR) e os elementos que, segundo eles, conduzem o professorado ao adoecimento e à readaptação. De forma mais específica, o estudo propôs-se a analisar: quais as representações que os professores readaptados têm de si e do seu trabalho; quais as razões que, no trabalho docente, conduzem o professorado ao processo de adoecimento e à readaptação; e se há diferenças de gênero nos processos pelos quais professores (homens) e professoras (mulheres) são readaptados. As discussões teóricas têm sua fundamentação, entre outros autores, em: Esteve(1999; 1995), abordando o mal-estar docente, e Codo (1999), tratando da síndrome de burnout,com contribuições na análise dos sentimentos de insegurança, medo, estresse e dos desgastes que estes profissionais enfrentam, causando sofrimento e absenteísmo. A pesquisa revela uma representação da docência como vocação, marcada pelo saudosismo de professores que julgam ter tido autoridade, reconhecimento e respeito dos alunos, e hoje, porém, sofrem com as perdas desses valores. Os mesmos apresentam dificuldade de definir a própria profissão e reconhecer a docência como trabalho. Uma profissão predominantemente feminina, carregada com atributos associados à maternidade, embora até mesmo entre as entrevistadas poucas percebam influências do gênero na docência. A escola, além de ser um lugar de produzir conhecimento, estaria sendo desviada deseus objetivos para outras funções como cuidados, atenção, carinho, aconselhamento, suprindo necessidades que as famílias na atualidade não dão conta de atender. Conclui-se que o mal-estar apresenta-se como um fenômeno da atualidade, afetando homens e mulheres nas mais diversas profissões, entre elas a docência. Sua manifestação dá-se no desgaste físico e psíquico dos sujeitos em seu trabalho relacional intenso e constante, podendo levar ao adoecimento e, em vários casos, à readaptação. Relações de trabalho conflituosas, sofrimento e dores causadas pelas doenças em consequência dos vários anos de atividade profissional podem ser fatores desencadeantes da readaptação. Entende-se que o mal-estar e a síndrome de burnoutsó serão vencidos pelos docentes quando os mesmos aprenderem a usar estratégias de enfrentamento que os ajudem a lidar com as condições de estresse no trabalho. Além do mais, são necessárias políticas públicas que garantam melhores condições de trabalho e saúde, a fim de que o professorado possa exercer a docência com prazer.