Ácido abscísico (ABA) e radiação UV-C na maturação pós-colheita de frutos de morango (Fragaria x ananassa Duch.)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Coelho, Miguel Telesca
Orientador(a): Galli, Vanessa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agronomia
Departamento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8330
Resumo: O morango (Fragaria x ananassa Duch.), pseudofruto da família das Rosaceae, é muito apreciado pelas suas características sensoriais, como a coloração vermelho brilhante e sabor, além da presença de compostos antioxidantes. Por ser um fruto não-climatérico, é colhido na plena maturação, porém neste estádio apresenta textura frágil, o que o torna susceptível a danos mecânicos, desenvolvimento de fungos, acarretando diminuição da qualidade e perdas pós-colheita. Uma das alternativas para tentar evitar esses problemas é colher os frutos antes da plena maturação; porém, neste caso, é necessário promover a indução da maturação na pós-colheita. Estudos tem relatado que o fitormônio ácido abscísico (ABA), pode estar envolvido no processo de maturação de frutos de morango e que a utilização de radiação ultravioleta (UV-C) pode retardar a perda da firmeza e aumentar o teor de compostos antioxidantes. Nesse sentido, objetivou-se avaliar o efeito do tratamento pós-colheita com aplicação de radiação UV-C e ABA no acúmulo de compostos relacionados ao processo de amadurecimento em frutos de morango (Fragaria x ananassa Duch.) colhidos antes da plena maturação. Os frutos foram colhidos com 75% da superfície vermelha. Foram realizados quatro tratamentos (Controle C – sem tratamento; UV-C; ABA; ABA+UVC). Os frutos foram tratados com solução de 1 mmol de ABA e com duas doses de 2 kJ m-2 de radiação UV-C (aplicadas no primeiro e segundo dia) e armazenados por quatro dias, a 20°C e 80% de umidade relativa, e comparados com frutos maturados in vivo (ligados à planta). Todos os tratamentos pós-colheita apresentaram evolução da cor, porém nenhum deles atingiu a coloração ou o teor de sólidos solúveis totais ou de compostos fenólicos dos frutos maturados in vivo. O armazenamento (controle C) não induziu a síntese de ABA, ABA glicosil ester (ABA-GE), ácido faseico (PA) ou ácido dehidrofaseico (DPA) em comparação com o controle C 75%, e resultou na diminuição da firmeza dos frutos em todos os tratamentos. Os frutos tratados com UVC e ABA+UV-C apresentaram menor ângulo a*, caracterizando um atraso no acúmulo de antocianinas, porém não houve diferença no teor e no perfil de antocianinas entre os tratamentos. Diferente do esperado, a firmeza não foi afetada nestes tratamentos com UV-C. Apesar disso, os frutos destes tratamentos mantiveram valores similares aos teores de ácido L-ascórbico dos frutos C e maturados in vivo, sugerindo que a radiação UV-C atuou na preservação deste composto. O tratamento com ABA resultou em acúmulo maior de ABA, ABA-GE e PA, comparado aos demais tratamentos, sugerindo que esse fitormônio afetou o metabolismo dos frutos, a exemplo dos compostos fenólicos; ABA, ABA-GE e PA foram os responsáveis pela separação dos tratamentos ABA e ABA+UV-C dos demais tratamentos na análise de componentes principais (PCA). O tratamento ABA+UV-C apresentou um comportamento intermediário entre os tratamentos ABA e UVC, sendo agrupado mais próximo ao tratamento com ABA na análise de PCA por ter apresentado maiores teores de ABA, ABA-GE, PA e DPA do que os tratamentos sem aplicação de ABA. Concluiu-se que a maturação pós-colheita de frutos de morango é diferente da maturação in vivo; que o acúmulo de ABA e seus derivados nos tratamentos que receberam ABA exógeno 8 alterou o metabolismo dos frutos, mas não resultou na indução esperada de antocianinas; que a aplicação de UV-C pode ser interessante para manter os níveis de ácido L-ascórbico nos frutos e que a ação combinada de ABA+UV-C resultou em efeitos combinados destes dois tratamentos.