O patrimônio antes do patrimônio em São Miguel das Missões: dos jesuítas à UNESCO.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Marchi, Darlan de Mamann
Orientador(a): Ferreira, Maria Letícia Mazzucchi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/6190
Resumo: Esta tese busca retomar os processos de patrimonialização dos remanescentes arquitetônicos da redução jesuítico-guarani de São Miguel das Missões/RS, a fim de demarcar e debater o contexto de sua ativação patrimonial. A hipótese que norteou o trabalho foi a de que a primeira ação no sentido da patrimonialização de São Miguel ocorreu através de um projeto regional, ainda nos anos 1920, anterior, portanto, ao período do Estado Novo com o protagonismo do SPHAN. Assim, optou-se por uma análise regressiva, iniciando pelo processo mais recente, quando da inscrição do sítio histórico na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO e as atuais políticas patrimoniais em desenvolvimento pelo IPHAN, retornando, posteriormente, ao processo de tombamento nacional do final dos anos 1930 e à inserção das Missões nos quadros de uma política de teor fortemente nacionalista. Ao retomar o processo de ativação, em 1922, quando São Miguel das Missões foi reconhecido como “lugar histórico” pelo governo estadual republicano de Borges de Medeiros, buscou-se observar os valores designados ao patrimônio jesuítico-guarani naquele período a fim de refletir sobre suas influências e mudanças frente aos processos posteriores e aos desafios atuais. A ação patrimonializadora ocorrida em nível regional, antes da existência do SPHAN, aparece em consonância com o retorno de religiosos jesuítas à região para atuarem na criação da colônia de imigrantes alemães de Serro Azul, no início do século XX. Nesse sentido, observou-se que os jesuítas lideraram o primeiro projeto patrimonial, associando Estado, Igreja e ciência, através da valorização devocional e cívica dos vestígios materiais e imateriais relacionados com as reduções jesuítico-guaranis. Desse período surgem os primeiros empreendedores da memória, como foi o caso do jesuíta Luiz Gonzaga Jaeger. Na atualidade, identificam-se outros empreendedores da memória com forte apelo popular que promovem o turismo, reativam práticas, crenças e lendas, criam espaços museológicos, promovem comemorações e que ora contribuem e ora se insurgem aos discursos oficiais do patrimônio. Dessa forma, o estudo buscou evidenciar que os processos de patrimonialização em São Miguel das Missões, ao longo de mais de nove décadas, com suas vicissitudes e em seus contextos históricos, são fatos sociais constituidores da memória coletiva das comunidades locais.