Identidades em rede: um estudo etnográfico entre quilombolas e pomeranos na Serra dos Tapes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Schneider, Maurício
Orientador(a): Menasche, Renata
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/ri/2835
Resumo: O presente estudo se propõe a refletir sobre relações entre quilombolas e pomeranos na região da Serra dos Tapes, Rio Grande do Sul. A partir de pesquisa etnográfica, notadamente em duas comunidades quilombolas e em uma localidade conformada por forte presença de famílias pomeranas – espaços bastante próximos e cujos membros estabelecem diversas e frequentes relações –, procura-se observar conexões estabelecidas entre quilombolas e pomeranos. Atenta-se para semelhanças em práticas empreendidas pelos dois grupos e para diferenças entre eles, assim como para os processos de demarcação de distinções identitárias. Para isso, o olhar voltou-se a duas dimensões que se apresentaram como centrais nas vidas dessas pessoas, bem como elos importantes entre os grupos: o trabalho na produção de fumo e as religiosidades. A partir do foco no trabalho, emergem algumas questões. Uma delas diz respeito à importância atribuída ao cultivo de fumo na região, tanto por parte de quilombolas como de pomeranos. Outra alude à configuração de estratégias de agregação de mão de obra na atividade – tais como as trocas de serviços, as contratações de diaristas e as parcerias –, que também revelam relações de reciprocidade e dependência entre os dois grupos. Outra ainda se refere à influência que relações conformadas a partir do trabalho no fumo exercem sobre quilombolas no sentido da não reivindicação de demarcações territoriais a que teriam direito. Já a observação das religiosidades revela aspectos referentes a imprecisões nos limites entre as religiões luterana e católica e entre religião e magia, bem como a existência de um campo religioso comum a membros dos dois grupos. Evidencia, ainda, o compartilhamento de práticas de benzeção e de circuitos de festas de comunidade. Percebe-se, desse modo, que mais do que o estabelecimento de comunidades fechadas em si mesmas e coladas às respectivas identidades, isto é, comunidades de quilombolas, por um lado, e de pomeranos, por outro, no contexto estudado os atores tecem redes de relações que, ao mesmo tempo em que perpassam tais identidades, são mediadas por elas.