Resumo: |
O objetivo desta tese foi investigar como a NGP ressignifica os pressupostos das teorias tradicionais do currículo no século XXI, visando à formação para o trabalho, a partir da reflexão sobre os discursos institucionais de universidades públicas do Rio Grande do Sul e dos currículos de seus cursos de graduação em administração. Na história da economia globalizada, as revoluções industriais acarretaram transformações tanto no trabalho quanto na relação educação-mercado, devido às crescentes demandas por mão de obra. Face à demanda, as teorias tradicionais visavam à eficiência educacional a partir dos conceitos oriundos da indústria taylorista. Para Bobbit, em 1918, a função da educação era produzir trabalhadores; e sua eficiência, medida pela adequação dos trabalhadores ao trabalho. Esse ideário eficientista foi reiterado na racionalidade curricular de Tyler, em 1949, e no ensino instrucional de Bloom, em 1956. Eles miravam na relação sequencial entre objetivos, experiências e avaliação da aprendizagem. Essa relação aumentaria a eficiência educacional no que tange à formação profissional. A filosofia gerencialista da NGP, também devido à globalização, passou a consubstanciar ajustamentos na gestão de serviços públicos, inclusa a educação, visando à produtividade. Consoantes, conforme mostrado nesta pesquisa, os pressupostos das teorias tradicionais e da NGP vem invadindo o cenário educacional desse século, determinando objetivos, tensionando processos e forçando resultados sociais que retomam a relação educação-mercado em pauta. Este estudo envolveu revisão bibliográfica, análise documental, entrevistas e análise de conteúdo por meio de categorias (gerencialismo universitário, trabalhador integral, produção de indivíduos e eficiência educacional) e subcategorias temáticas. As funções e relações sociais e os discursos de gestão encontrados nas universidades revelaram um contexto de gerencialismo universitário análogo aos pressupostos das teorias curriculares e da NGP. Seus objetivos de formação de trabalhador integral priorizaram as demandas do mercado globalizado da indústria 4.0, sendo igualmente convergentes com esses pressupostos. No que se refere à produção de indivíduos e eficiência educacional, não houve a mesma compatibilidade, devido a desafios relativos à oferta e aproveitamento de experiências ao nível do trabalho entre os quais envolvem conhecimentos curriculares, diretrizes pedagógicas, diversidade humana, trabalho docente e legislação educacional. Com isso, foi possível concluir que a intenção de uma formação eficiente voltada ao trabalho cessa na definição de objetivos curriculares, ainda não apresentando efeitos práticos na organização das experiências educacionais curriculares e na avaliação dos resultados educacionais. |
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