Experiência do adoecimento e práticas de autoatenção de pessoas com câncer em cuidados paliativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Noguez, Patricia Tuerlinckx
Orientador(a): Muniz, Rosani Manfrin
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/3815
Resumo: O estudo teve como objetivo compreender a experiência do adoecimento e as práticas de autoatenção das pessoas com câncer em cuidados paliativos, a partir dos conceitos da antrolopologia interpretativa de Clifford Geertz e da antropologia médica de Menéndez. Foi uma pesquisa de abordagem metodológica qualitativa, realizada no serviço de atenção domiciliar Melhor em Casa, do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, filial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Participaram do estudo 11 pessoas internadas no serviço, no período de setembro de 2015 a janeiro de 2016. Para a coleta de dados, foi utilizada a observação não estruturada, o diário de campo e a entrevista narrativa no domicílio dos participantes. O estudo foi aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Pelotas sob o número 1.190.419. A análise dos dados apoiou-se nos pressupostos da análise narrativa de Fritz Schütze. Após a divisão da narrativa em proposições indexadas e não indexadas, foram identificados os códigos que apontaram a experiência para os participantes, e que serviram de guia para condensação destes em categorias para a análise do conhecimento propriamente dito. A partir disso surgiram três categorias: a) A descoberta do câncer; b) Formas de atenção utilizadas na busca por tratamento e cuidados; e c) Viver a terminalidade: no limbo da vida. Por meio da análise detalhada das entrevistas narrativas e da comparação dos casos, as trajetórias individuais foram tratadas dentro de um contexto e semelhanças foram estabelecidas, o que originou uma síntese narrativa da experiência do adoecimento por câncer. Os resultados revelam que ao narrar à experiência, as pessoas com câncer em cuidados paliativos apresentam sua enfermidade como algo difícil, pois desestrutura a vida e traz comprometimentos físicos, sociais e espirituais, uma vez que a simbolizam como uma doença estigmatizada, que demarca uma ruptura biográfica na vida delas. As práticas de autoatenção permeiam todo o processo de adoecimento e são baseadas nos aspectos socioculturais e em experiências anteriores, as pessoas dão sentido para o que estão vivendo e buscam diferentes recursos para o tratamento e cuidado as suas necessidades. Utilizam as formas de atenção biomédica e as formas de atenção popular ou tradicional, de maneira concomitante, sobreposta e ou justaposta. Não há um esquema nem práticas definidas, as pessoas vão experimentando e realizando adaptações conforme entendem que a prática esta dando retorno ou não ao seu objetivo de amenizar um desconforto físico, social ou espiritual, ou de curar a doença. Em relação à terminalidade são evidentes as modificações corporais trazidas pela progressão da doença que influenciam no reconhecimento da própria identidade, uma vez que se percebe que a doença está tomando conta de seu corpo e de sua vida. Contudo, as pessoas experienciam uma diversidade de sentimentos que se alteram entre a esperança pela cura, a incerteza em relação ao tempo de vida e a aceitação da morte.