Prevalência de problemas oclusais e fatores associados em crianças de 2 a 3 anos de idade: um estudo numa coorte de mães adolescentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Amaral, Cássia Cardozo
Orientador(a): Goettems, Marília Leão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Departamento: Faculdade de Odontologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/3511
Resumo: Devido a alta prevalência de maloclusões na população a Organização Mundial de Saúde (OMS) a considera como um dos principais problemas de saúde bucal em todo o mundo. Os fatores associados a ocorrência das maloclusões podem ser agrupados em primários e secundários: dentre os primários, destacam-se a hereditariedade e as alterações congênitas, ao passo que os secundários são constituídos pelos hábitos bucais deletérios, alteração no padrão alimentar e fatores nutricionais. Hábitos de sucção não nutritivos, como sucção digital, uso de chupeta, mamadeiras e desmame precoce são fatores associados com o desenvolvimento de alterações no equilíbrio esquelético e muscular. Assim, características biológicas e comportamentais podem representar fatores de risco ao desenvolvimento de problemas oclusais. O objetivo deste estudo transversal, aninhado em uma coorte de mães adolescentes da cidade de Pelotas – RS, foi avaliar a influência das características de mães adolescentes na oclusão de crianças de 2 a 3 anos. A coleta de dados foi realizada de julho de 2012 a março de 2014. Foi realizada entrevista com as mães e exame clínico de saúde bucal da criança. Na entrevista foram coletadas as variáveis independentes (condição socioeconômica, índice de Apgar, circunferência da cabeça, peso ao nascer, necessidade de UTI, o principal cuidador da criança, uso de chupeta e aleitamento materno). O exame de saúde bucal foi realizado por dentistas previamente treinados e calibrados. A avaliação da condição oclusal foi avaliada de acordo com o índice de Foster; Hamilton, 1969, incluindo mordida aberta, sobressaliência aumentada, relação de caninos e mordida cruzada. Para avaliar a associação entre as características oclusais e as variáveis independentes foi feita a análise bivariada, utilizando os testes Qui-quadrado, Exato de Fisher e Qui-quadrado de tendência linear. A análise multivariada foi realizada usando como desfecho a presença de alguma maloclusão, através de Regressão de Poisson com variância robusta, estimando-se as razões de prevalência e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. A prevalência de maloclusão nesta população foi de 62,33%, e a desordem mais comum encontrada, foi mordida aberta anterior afetando 47,45% das crianças. O uso de chupeta, a falta de amamentação prolongada, Apgar abaixo de 7 e necessidade de UTI, tiveram associação com a maloclusão. A análise multivariada mostrou que as características perinatais podem representar fatores de risco para o desenvolvimento oclusal. As crianças que não necessitaram de UTI [Razão de Prevalência (RP) 0.75; Intervalo de Confiança (IC) 95% 0.56-0.99] tiveram menor risco de desenvolver a maloclusão enquanto que os que tiveram escores de Apgar abaixo de 7 tinham um risco maior [RP 1.32; IC 95% 1.06-1.64]. As crianças que ainda usam chupeta [RP 3.88(IC 95% 2.65-5.68)] ou que já pararam o uso (RP 1.82; IC 95% 1.02-3.24) tem mais chance de maloclusão comparadas as que nunca usaram o bico. As crianças que ainda mamam, tiveram menor ocorrência das desordens oclusais (RP 0.59; IC 95% 0.42- 0.84). A prevalência de maloclusão foi alta nesta população, sugerindo que mães adolescentes podem ter atitudes que contribuam para o desenvolvimento da maloclusão, como o uso de chupeta e o menor tempo de amamentação.