Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Machado, Fabrício Fonseca |
Orientador(a): |
Araldi, Clademir Luís |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
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Departamento: |
Instituto de Filosofia, Sociologia e Política
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8774
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Resumo: |
A presente dissertação investiga a questão do niilismo e da afirmação da vida na poesia de Fernando Pessoa à luz da filosofia de Friedrich Nietzsche. O filósofo alemão é, seguramente, um dos mais importantes estudiosos dessa temática, podendo oferecer-nos, por isso, valiosos subsídios interlocutórios para uma investida na obra do poeta português. O corpus poético pessoano, a seu turno, repleto de questões filosóficas, decerto afigura-se como um campo fecundo para a análise e a radicalização do referido problema. Enquanto estratégia, partiremos inicialmente da reflexão de Clademir Araldi (2004), que propõe uma incursão nos extremos da filosofia de Nietzsche (niilismo e afirmação) a partir dos tipos mais emblemáticos de cada estágio do autor de Zaratustra: o artista trágico (período de juventude), o espírito livre (período intermediário) e o além-do-homem (período tardio). De nossa parte, vislumbramos uma considerável afinidade entre o conceito nietzschiano de tipo e o conceito pessoano de heterônimo, quer dizer, o fenômeno da utilização de uma multiplicidade de pseudônimos para escrever, característica pela qual Pessoa acabou amplamente conhecido. Assim, tratando os heterônimos pessoanos como tipos nietzschianos, utilizamos as concepções de vontade de potência e eterno retorno do mesmo, em nível subjetivo, como critérios para diferenciarmos os fracos dos fortes, ou seja, para aferirmos o niilismo e a afirmação da vida nas quatro figuras primordiais da heteronímia: Pessoa ortônimo, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Nesse último heterônimo, estaria, em tese, a tentativa mais bem lograda de Pessoa de construir um tipo superior, isto é, um tipo apto a oferecer um contramovimento ao niilismo. Para concretizarmos nosso mister, em primeiro lugar, examinamos a relação de Fernando Pessoa com a filosofia, bem como o liame do escritor português com o pensamento de Nietzsche, além de um breve estado de arte dos estudos que procuram inter-relacioná-los. Seja dito, desde já, que não há trabalhos ainda aproximando-os pela via do niilismo e do assentimento à vida. Num segundo momento, procedemos a uma reconstrução histórica do conceito de niilismo, até chegarmos ao niilismo de cariz nietzschiano, intimamente atrelado à afirmação da existência, trazendo à tona, também, os conceitos de vontade de potência e eterno retorno do mesmo. De posse de tais elementos, num terceiro e decisivo instante, habilitamo-nos enfim a entabular uma leitura de Fernando Pessoa à luz da filosofia de Friedrich Nietzsche. |