Moralidades sobre o dinheiro no cotidiano infantil: Os papeis de produtor, distribuidor e consumidor.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ronkainen, Meija Karoliina
Orientador(a): Leite, Elaine da Silveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5319
Resumo: Partindo do referencial teórico da sociologia econômica e da infância, o objetivo geral desta pesquisa foi compreender via as percepções das crianças brasileiras e finlandesas as moralidades em relação ao dinheiro que afetam seus papeis como produtores, distribuidores e consumidores (cf. ZELIZER, 2002) na composição do orçamento doméstico. Além disso, relacionou-se dados econômicos, sociais, políticos/legais e culturais para identificar cultural e legalmente como se constitui a definição de criança, seus deveres e obrigações nos referidos países. Este estudo é único, assim como as pesquisas que tratam dessa questão, sobretudo a partir do ponto de vista sociológico, são escassas. O conhecimento sobre aspectos sociais e financeiros do cotidiano infantil é importante para o desenvolvimento de políticas e ações que permitam o fomento da educação financeira. A pesquisa foi constituída com grupos focais de 4-10 crianças de seis até oito anos de idade. Como técnica de investigação complementar foi aplicado um questionário aos pais das crianças participantes. Baseado nos resultados, notou-se que dinheiros especiais e racionalidades circulam no orçamento doméstico e que as crianças, em especial, aquelas com maior capital econômico e escolar, influenciam o orçamento doméstico da sua família. De acordo com os resultados, as crianças da Finlândia e da escola particular brasileira fazem uma maior parte do orçamento doméstico da sua família como produtoras de valor do que as crianças brasileiras das escolas públicas, especialmente no modo de participar das tarefas domésticas. Como a relação entre a mãe e os seus filhos parece ser o mais forte de todas, como distribuidoras, as crianças fazem uma diferença no orçamento doméstico da sua família principalmente na forma de empréstimos e doações entre a criança e a sua mãe. A influência das crianças no orçamento doméstico é a maior no seu papel como consumidoras. No caso das crianças brasileiras da escola particular e das crianças finlandesas o efeito é facilitador aos pais, pois as crianças usam o seu próprio dinheiro em coisas que elas querem, até caras às vezes, enquanto que as crianças brasileiras das escolas públicas são mais dependentes dos seus pais. O número de crianças participantes desta pesquisa foi baixo, 27 crianças no total, e por isso, não é possível generalizar os resultados a ser representativos de todo o país, seja ele a Finlândia ou o Brasil. Entretanto, este trabalho sinalizou importantes caminhos para futuras pesquisas que possam abranger um maior número de crianças da Finlândia e do Brasil. Além disso, seria interessante continuar esta pesquisa e realizá-la com crianças mais velhas, de nove até doze anos de idade, por exemplo. Desse modo, seria possível ver como a independência e as responsabilidades das crianças em questões de dinheiro mudam ao longo do tempo, e como a cultura afeta essa independência e responsabilidades.