Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Böettge, Suelen Aires |
Orientador(a): |
Neumann, Daiane |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras
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Departamento: |
Centro de Letras e Comunicação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9132
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Resumo: |
O presente trabalho pretende verificar como a violência obstétrica é significada no discurso de mulheres e de médicas(os) obstetras a partir do processo de sintagmatização e semantização do discurso, em que os elementos do discurso são engendrados para produzir o sentido intentado em torno da expressão violência obstétrica. Ao escreverem sobre suas experiências, as mulheres constroem uma imagem delas mesmas, o “eu”, e uma imagem do “tu”, numa relação intersubjetiva, “assim a situação inerente ao exercício da linguagem, que é a da troca e do diálogo, confere ao ato de discurso dupla função: para o locutor, representa a realidade; para o ouvinte, recria a realidade” (BENVENISTE, 1976, p. 26). E é nessa relação do homem com sua natureza e com outro homem por intermédio da linguagem, que a sociedade é estabelecida (Ibid., 1976). A linguagem é realizada dentro de uma língua, e por meio dela “o homem assimila a cultura, a perpetua ou a transforma” (Ibid., p. 32); é essa transformação da cultura que os discursos das mulheres buscam quando ousam promover à existência uma realidade muitas vezes menosprezada, a da violência obstétrica. Para a elaboração deste trabalho, foram analisados cinco comentários de mulheres que testemunham a experiência da violência obstétrica no pré-parto e parto; esses relatos foram veiculados em uma página pública do Facebook, intitulada Violência Obstétrica. Com o objetivo de aprofundar as análises e discussões derivadas dos comentários selecionados, lançar-se-á mão de cinco fragmentos de entrevistas realizadas com médicas(os) obstetras em que se abordou o tema em questão. Tais fragmentos estão disponíveis na tese de doutorado sob título O sensível e o insensível na sala de parto: interdiscursos de profissionais de saúde e mulheres, de Virgínia Junqueira Oliveira. Nesse cotejo, será possível perceber como os dois grupos significam a violência obstétrica através de uma análise linguística, com base na discussão teórica de Émile Benveniste em PLG I (1976) e PLG II (1989), com o apoio de Dany-Robert Dufour (2000), no que tange à intersubjetividade, subjetividade e às três pessoas verbais: “eu-tu/ele”, que atravessam as relações estabelecidas entre a forma e o sentido, o domínio semântico e o domínio semiótico. Observou-se que a violência obstétrica é significada de maneiras diferentes pelas mulheres e pelas(os) médicas(os), com isso, há um embate entre os discursos. Os discursos das mulheres evocam o sentimento de medo, de terror, de horror, de impunidade, de desumanidade no tratamento dispensado à gestante no trabalho de parto e parto. Nos discursos das(os) médicas(os) obstetras há tentativa de negar que exista violência obstétrica na rotina de trabalho e há uma tentativa de criar uma imagem da mulher despreparada e desequilibrada que não obedece às decisões médicas. |