Disponibilidade domiciliar de alimentos em Pelotas-RS: uma abordagem do ambiente obesogênico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Soares, Ana Luiza Gonçalves
Orientador(a): Silva, Helen Denise Gonçalves da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
Departamento: Medicina
País: BR
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/123456789/1951
Resumo: É crescente o interesse científico pelos fatores ambientais envolvidos na etiologia de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), como a obesidade, em razão das influências que exercem, direta ou indiretamente, sobre os hábitos e estilo de vida, como as escolhas e preferências alimentares, entre outros aspectos. O ambiente domiciliar é um microambiente considerado em análises sobre alimentação e apresenta, entre suas diversas dimensões, a acessibilidade e a disponibilidade de alimentos no domicílio. As escolhas alimentares são reflexo de condições socioeconômicas, culturais, demográficas e ambientais, sendo os fatores socioeconômicos um dos mais importantes na sua determinação. Portanto, os alimentos disponíveis em casa podem caracterizar este ambiente como obesogênico , ao incentivar o consumo de alimentos muito calóricos e desencorajar a ingestão de outros menos energéticos e nutricionalmente mais ricos. Apesar de não representar a ingestão alimentar efetiva, a disponibilidade de alimentos no domicílio fornece informações sobre preferências alimentares da família e demonstra uma intenção de consumo dos alimentos. Este estudo visou identificar a disponibilidade domiciliar de alimentos ricos em gorduras e açúcares e de frutas, legumes, verduras e cereais integrais, descrevendo-a de acordo com fatores socioeconômicos e demográficos, no contexto de um ambiente possivelmente obesogênico. Para tal, foi realizado estudo transversal, de base populacional, na cidade de Pelotas-RS. A disponibilidade domiciliar de alimentos foi acessada a partir do relato da presença do alimento nos 30 dias precedentes à entrevista. Definiu-se como alta disponibilidade quando o alimento estava sempre ou quase sempre disponível no domicílio. Foi identificado também o local de compra de frutas, legumes e verduras. Foram obtidas informações de 1.555 domicílios e cerca de 80% deles apresentou alta disponibilidade de frutas, legumes e/ou verduras, sendo o local de compra mais referido destes alimentos o supermercado. Refrigerantes, embutidos e guloseimas apresentaram prevalências semelhantes de alta disponibilidade nos domicílios, aproximadamente 40%. Os cereais integrais e alimentos congelados estiveram nunca disponíveis em quase metade dos domicílios. A disponibilidade de alimentos esteve diretamente relacionada ao indicador econômico (IEN), estando aqueles alimentos ricos em açúcares e gorduras positivamente relacionados com a presença de criança e/ou adolescente, enquanto frutas e cereais integrais apresentaram relação inversa. Número de moradores, idade e escolaridade do chefe da família também estiveram relacionados à disponibilidade alimentar. Neste estudo, a alta disponibilidade domiciliar de frutas legumes e verduras, assim como de guloseimas, embutidos e refrigerantes demonstram a complexidade presente nas questões alimentares e na classificação do ambiente como obesogênico. Além de fatores socioeconômicos, características demográficas também estiveram associadas à disponibilidade alimentar. Apesar da variação nestes fatores, o detalhamento do que uma determinada população tem disponível de alimentos em sua residência fornece elementos importantes para que as políticas públicas possam interferir.