Dádivas, afetos e trocas sociais no cotidiano de sujeitos permeados por vivências psicossociais em Pelotas - RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Farias, Izamir Duarte de
Orientador(a): Kantorski, Luciane Prado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/3856
Resumo: A presente tese é resultado do estudo realizado à partir do cotidiano de sujeitos permeados por vivências psicossociais na cidade de Pelotas – RS. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com dados coletados à partir da observação participante e entrevista semiestruturada, com abordagem etnográfica, realizados entre setembro de 2016 e maio de 2017. Seu objetivo geral é compreender as trocas sociais presentes no cotidiano de pessoas que frequentaram oficinas em um Centro de Atenção Psicossocial II no processo de reorganização (ressignificação) de suas vidas. A análise dos dados foi realizada à luz do ensaio sobre a dádiva proposto por Marcel Mauss e a Teoria Interpretativa da Cultura de Clifford Geertz. Contou-se com cinco sujeitos participantes que mantém vinculo com a Associação de Usuários de Serviços de Saúde Mental de Pelotas, os quais foram selecionados pelo método bola de neve. Respeitaram-se todos os princípios éticos orientados pela Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foram apresentados os seguintes pressupostos para este estudo: As oficinas se constituem como ferramenta para o processo de construção e/ou reconstrução de interações saudáveis entre usuários do CAPS e seus familiares bem como com a sociedade, sendo uma estratégia necessária para projetar uma melhor qualidade de vida para as pessoas quando não mais estiverem na condição de usuários; Após passarem pelo CAPS, as pessoas incorporam em suas vidas saberes, práticas, trocas e significados que foram terapêuticos quando vivenciados nas oficinas, as quais são rememoradas como importantes; Há uma ressignificação na vida das pessoas quando deixam de ser usuários do CAPS, de maneira que seu círculo de amizades e seus valores são reconstruídos a partir do sofrimento psíquico e das suas experiências com o modo psicossocial de cuidado. Os resultados comprovam os pressupostos apresentados, apontando para a importância de trocas sociais, amizades e afetos na vida dos sujeitos. Estas relações estão permeadas por significados e sentimentos atribuídos pelos sujeitos, mostrando-se fundamentais para seu fortalecimento individual e coletivo, manifestando-se por intermédio de ações cotidianas nos Universos Subjetivos Plurais. As amizades e as trocas sociais constituem-se como o principal mecanismo para o fortalecimento pessoal, revelando superações, afetos e consciência de responsabilidade e cidadania, bem como alteridade e sensibilidade diante do outro. Tais elementos desvelados durante o acompanhamento dos sujeitos e dos seus universos relacionais mostram-se fundamentais para a manutenção da reabilitação psicossocial. Emerge a tese de que a pessoa, uma vez envolvida pelo modo psicossocial de cuidado, pode ressignificar sua vida e suas relações interpessoais, havendo, consequentemente a ampliação do seu universo relacional. A valorização do outro e o sentimento de alteridade passam a fazer parte do seu cotidiano, movendo-a a valorização das amizades e prática de trocas sociais – dando, recebendo e retribuindo – fortalecendo-se como sujeito, podendo tornar-se cuidador a partir da sua expertise por experiência. O Centro de Atenção Psicossocial e as oficinas são apresentados como marco transformador nas vidas, de modo que aprendizados e ressignificações ocorrem a partir da passagem por este serviço e mantém-se como processo autogestionado articulados por Universos Subjetivos Plurais pelos Universos Subjetivos Singulares. Curatelas, preconceitos e estigmas são apresentados como aspectos limitadores da autonomia, cujas ocorrências se dão de modo velado nas famílias como forma de cuidado e proteção, muito embora, outros modos de autonomia e empoderamento se constituem e mantém a partir do fortalecimento proporcionado pelos Universos Subjetivos Plurais.