Construções e especificidades da identidade em pessoas com múltiplo pertencimento cultural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: GALINDO, Filipe Soto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/14982
Resumo: Com o fortalecimento da globalização no século XX, a mobilidade humana vem se intensificando, facilitada pela maior acessibilidade aos meios de transporte, o que aumenta consideravelmente as opções de deslocamento às pessoas. Desde então, as novas configurações da sociedade tendem a fragilizar as delimitações decorrentes das antigas noções de espaço e tempo, as quais têm se tornado mais tênues. Consequentemente, as sociedades contemporâneas são cada vez mais multiculturais, o que impede a definição rígida de aspectos identificatórios de determinado povo em relação a um Estado-nação. Partindo destas constatações, percebe-se uma maior complexidade na definição atual de identidades. Esta pesquisa tem por objetivo investigar a constituição da identidade em pessoas com múltiplo pertencimento cultural, isto é, que tenham permeado por ao menos dois países diferentes sendo estas, consequentemente, portadoras de múltiplas culturas. Pretende-se compreender quais procedimentos e estratégias identitárias são adotadas por elas diante dos conflitos provenientes do confronto entre as culturas. A metodologia empregada é do tipo qualitativa e visa analisar estratégias de alternância ou de permanência, no sentido de cristalização, de práticas e representações socioculturais específicas a cada cultura. Para isto foram realizadas entrevistas semi-diretivas e a aplicação de genograma com seis pessoas voluntárias, portadoras de dupla nacionalidade. Partiu-se do modelo de estratégias identitárias proposta por Camilleri as quais são definidas em duas categorias: as que visam restabelecer a valorização de si e as que visam restabelecer a unidade de sentido da pessoa com múltiplos pertencimentos culturais. Limitando-se às do segundo grupo, tentou-se reconhecer no discurso dos participantes, comportamentos de coerência simples, de coerência complexas e estratégias de moderação. De forma geral, os participantes relatam terem tido sucesso no processo de adaptação ao novo país, não tendo sido, contudo, esse deslocamento uma ação simples, demandando assim a adoção de estratégias identitárias de categoria complexa para melhor lidarem com as diferenças culturais. São evocadas tanto consequências avaliadas como positivas quanto negativas deste múltiplo pertencimento, tais como uma ampliação de visão de mundo e a perda do contato com entes queridos. Conclui-se que, sendo a mobilidade e o deslocamento de pessoas entre os diversos pontos do planeta um fato cada vez mais frequente, a ideia de uma identidade nacional fixa torna-se ultrapassada. A subjetivação do sujeito contemporâneo supõe readaptações e reformulações constantes do conceito de identidade, exigindo uma adequação flexível da noção de identidade associada a um território às novas demandas de um contexto sociocultural cada vez mais globalizado.