Zama como ficção de (anti)fundação : o entre-lugar neobarroco do “Asqueroso Mirón”

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: MARTINS, Livânia Régia da Silva
Orientador(a): RODRIGUES, Juan Pablo Martín
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46209
Resumo: O último vice-reinado da América Latina, finais do século XVIII, é alvo da mirada do argentino Antonio Di Benedetto em Zama (2011 [1956]). Um rebuliço reconstruído sob as luzes do paródico monstruoso caracteriza a trama na qual o narrador-protagonista navega por entre-lugares ao expor o erotismo contextual fragmentado e em ruínas. Nessa perspectiva, a presente investigação propõe reflexões sobre o protagonista que se exalta como “el bravío”, o doutor Dom Diego de Zama, para conduzir a discussão sobre a sua identidade fragmentada, construída por meio da comunidade imaginada sob o estilo neobarroco. Através da narrativa de Di Benedetto notamos as provocações de um assessor letrado condicionado ao poder colonial, envolvido em uma jornada complexa entre relações colonizador-colonizado, a qual gira em torno de diversas cosmogonias, e situada no espaço fronteiriço hoje conhecido como Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. “El asqueroso mirón”, o Diego de Zama, nesse contexto, revela nuances do seu cotidiano enigmático através da erotização de situações e pensamentos sobre seu percurso nesse mundo em ruínas camufladas por narrativas romantizadas. Um letrado de olhos aguçados compartilha seus conhecimentos a favor de colonizadores, que negam a concretização dos desejos do protagonista ao longo de suas vivências e nos convoca a pensar os paradigmas que a realidade sociocultural e histórica impõe por meio do poder econômico e midiático até os dias de hoje. Nesse sentido, para compor as discussões, Doris Sommer (2004) será visitada sob a perspectiva das narrativas de ficções fundacionais da América Latina. Benedict Anderson (1989) será relevante para o escopo que refletirá a comunidade imaginada desmascarada pelo protagonista. Calabrese (2012) e Severo Sarduy (2011) serão imprescindíveis para a discussão estilística da narrativa, na qual situa o neobarroco latino-americano. Silviano Santiago (2000) e Homi Bhabha (2003) formarão parte da discussão do entre-lugar do anti-herói fragmentado. Finalmente, por meio desse estudo, rastreamos possibilidades de pensar narrativas ambientadas entre fins de colônia e início dos movimentos de independência dos países da América Latina, através de imaginários que reelaboram e descortinam o mundo não explorado pelas ficções fundacionais incorporados à estética neobarroca.