LITERATURA E MEMÓRIA ENTRE OS LABIRINTOS DA CIDADE: REPRESENTAÇÕES NA POÉTICA DE FERREIRA GULLAR E H. DOBAL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: SANTOS, Silvana Maria Pantoja dos
Orientador(a): VIEIRA, Anco Márcio Tenório
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11548
Resumo: A criação literária resulta, dentre outros fatores, da relação que o artista da palavra estabelece com a realidade social, articulada a acontecimentos históricos, sociais, culturais de forma intercambiada. Logo, a tecelagem da escrita poética da memória implica os modos como o sujeito agencia os conteúdos introjetados por meio desses vínculos. A memória, entremeada de vivências, é perpassada pela subjetividade, pelos afetos, ainda que estes se processem por vias desviantes, alterando as formas como o escritor interage com a rememoração e as converte em discurso literário. Se a memória depende da relação entre homem e mundo, então podemos pensar a cidade como espaço de influência no processo de rememoração. Diante disso, objetivamos com este trabalho analisar na obra Poema sujo de Ferreira Gullar e A cidade substituída de H. Dobal, a memória da cidade que se inscreve em gretas, fissuras e ruínas, por meio das memórias de seus sujeitos poéticos. A forma como os poetas em questão se relacionam com a mesma cidade, depende do lugar de onde se enunciam, logo adotam visões de dentro e de fora, respectivamente, que influenciam suas escritas de memória. Para tanto, vale questionar se os sujeitos poéticos das obras em questão estariam motivados por consciências críticas, ainda que de forma subliminar, sobre o que significa repensar a memória citadina, a partir de um presente impactado pela fluidez e fragmentação próprios da modernidade. Por meio da poética de Gullar e de Dobal, compreendemos que é possível a dialética entre o antigo e o novo, a permanência e a ruptura; em aceitar que os mesmos espaços comportem vivências, em contextos e tempos diferentes, sem que referências anteriores se desfaçam por completo. Constatamos que, diante das rápidas transformações da paisagem urbana e da falta de solidez dos espaços, a transmutação de matéria de memória da cidade em matéria poética funciona como mecanismo de defesa em face à fragmentação e dispersão, impostas pela modernidade.